ESPECIAL
“Estão reunidas as condições para que a renovação do centro urbano ajude o comércio tradicional”
A ACIF está a celebrar 111 longos anos de existência. A esse propósito, e aproveitando também a campanha de Natal, o OPINIÃO PÚBLICA entrevistou o seu presidente. Fernando Xavier Ferreira faz um balanço de sete anos de mandato, projeta o futuro e não esquece as obras do centro urbano.
OPINIÃO PÚBLICA: A ACIF está a celebrar 111 anos de existência. Já é presidente desta associação há sete anos. Qual é o balanço que faz do seu trabalho?
Fernando Xavier Ferreira: É sempre difícil podermos dizer que alcançamos todos os objetivos a que nos propomos, mas fazendo uma retrospetiva da minha ligação à ACIF, que começou como secretário da Direção, presidida por António Peixoto, penso que o balanço do trabalho realizado é positivo, sendo mais visível e relevante sobretudo desde que iniciei o meu primeiro mandato como presidente da Direção. Têm sido mandatos marcados sobretudo pela estabilidade que se pretende ter na atuação da Direção, embora tenhamos sido postos à prova na crise pandémica que atravessamos. Foram tempos difíceis, de muito trabalho, curiosamente onde os associados mais reconheceram a importância do trabalho desenvolvido pela sua Associação. O melhor balanço é poder olhar para os espaços que a ACIF tem hoje, a Casa Sede e a Casa do Empresário e Formação, espaços distintos, mas perfeitamente integrados e que respondem às necessidades dos associados. Temos boas condições de trabalho e boas condições para recebermos os nossos associados, para desenvolvermos diferentes atividades, como conferências, workshops, formações, e esse olhar para a obra que está feita e as suas potencialidades é o melhor balanço que todos podemos fazer.
Dos objetivos a que se propôs, quais os que já foram realizados?
Um dos grandes objetivos era desenvolver um Marketplace para dinamizar o comércio online e permitir a incursão do nosso comércio tradicional nos meios digitais. Isso foi conseguido com o lançamento do Comércio da Vila, durante o período da pandemia, sendo certo, e temos a consciência disso, de que ainda precisamos de continuar a trabalhar nesse objetivo e a apostas nessa digitalização do nosso comércio e serviços.
Depois, queríamos voltar à nossa sede, na rua Adriano Pinto Basto, espaço que esteve fechado vários anos à espera de recuperação, algo que também conseguimos concretizar, sendo que hoje os associados da ACIF podem usufruir de muitos dos serviços que necessitam na Casa Sede da ACIF, perfeitamente recuperada e situada no coração da cidade.
Conseguimos ainda encontrar um espaço que nos permite proporcionar boas condições para a área da formação, assim como realizar diferentes eventos e iniciativas de promoção da nossa atividade e também dos nossos associados. Temos um espaço, a Casa do Empresário e Formação ACIF, que está ao dispor dos associados para o que entenderem. E esse era outro do objetivo que tínhamos enquanto Direção.
Financeiramente como é que está a ACIF? Como é que encara o futuro?
Financeiramente a ACIF é uma associação estável e que encara o futuro com alguma tranquilidade a esse nível. Somos uma associação sem fins lucrativos, com associados que pagam as suas quotas e, por isso, todo o nosso trabalho visa apoiar os comerciantes, procurando crescer em termos de oferta de serviços e atividade. A nossa situação financeira permite que esses objetivos possam ser alcançados.
Quais são as maiores dificuldades sentidas pelos comerciantes?
A grande dificuldade sentia pelos comerciantes, para além das dificuldades económicas provocadas por uma crise pandémica e agora por uma crise financeira, tem muito a ver com a disponibilidade para poderem pensar e projetar o seu negócio. Existem algumas dificuldades em poderem ter mais tempo para dedicarem aos seus negócios, uma vez que têm praticamente de ser os próprios a desenvolverem todas as tarefas, desde abrir a porta todos os dias, fazer atendimento e gerir um pouco de tudo o que se passa no dia-a-dia. Isso impede que muitas vezes possam dedicar o seu tempo à formação ou à gestão estratégica, algo que é essencial para o crescimento da sua atividade comercial. Muitas vezes é a dificuldade de se conseguirem reinventar e olhar com maior atenção para outras potencialidades, como o comércio digital, o que não fazem por ser muito difícil conciliar o tempo e a disponibilidade devido a serem sozinhos na sua atividade comercial diária.
Já muito se falou das obras no núcleo urbano famalicense. Depois de quase nove meses complicados a nível da tesouraria para os comerciantes, qual é o feedback que tem dos associados em relação às obras?
O feedback começa a ser de um otimismo moderado em relação ao futuro, em virtude de estarem concluídas todas as obras no centro urbano e estar a ser criada uma nova dinâmica muito interessante. Estão reunidas as condições para que o núcleo urbano famalicense seja muito atrativo para os famalicenses e para aqueles que nos visitam, algo que trará também benefícios para o comércio local e de proximidade. Por natureza os comerciantes são resilientes, não desistem, e é com esse espírito que os vejo agora a encarar o presente e o futuro, depois de um período muito complicado passado com a pandemia e a intervenção urbana que foi realizada.
A intervenção, com as mudanças aplicadas, nomeadamente a zona pedonal, o estacionamento e o acesso ao centro, ajuda o comércio tradicional?
O centro urbano é uma área vital para Famalicão e para os famalicenses, quer pelo dinamismo económico e social, quer pelo significado que sempre teve no contexto do concelho. Praticamente sendo um cartão de visita da cidade, para todos aqueles que nos visitam, mas também para o sentimento de pertença dos habitantes do concelho.
Por isso, esta reabilitação do centro urbano reveste-se de grande importância, e sendo um projeto arrojado, acaba por ir de encontro àquela que é a vontade genuína dos famalicenses, dos comerciantes aos cidadãos, às pessoas que vivem ou frequentam diariamente este mesmo centro.
A cidade de Famalicão está a ganhar uma nova dinâmica que poderá ser decisiva para o seu crescimento, não só económico e comercial, como, de alguma forma, habitacional. Mudará rotinas e tornará o centro mais atrativo a diferentes níveis, até pelas atividades culturais e sociais que se pretendem trazer para os renovados espaços que estão já concluídos.
Entre os efeitos esperados estão também a melhoria da qualidade de vida das populações residentes, uma maior atratividade da cidade, o reforço da rede pedonal e ciclável, que será complementada com o uso dos transportes públicos, passando ainda pela melhoria da qualidade ambiental e qualificação dos espaços de utilização pública. Poderão restar dúvidas sobre a real mais-valia dos carros perderem algum terreno em favor do maior espaço ganho pelas pessoas, sendo de vital importância a criação de lugares de estacionamento gratuito nas proximidades, algo que está previsto. Mas a questão do estacionamento é essencial e não pode ser descurada.
Por todas estas razões referidas, penso que estão reunidas as condições para que possamos dizer que a renovação do centro urbano veio ajudar o comércio tradicional, com resultados já à vista e ainda mais para vir no curto/médio prazo.
Nos últimos anos também se fala, cada vez mais, na segurança na cidade. É algo que também vos preocupa?
Como é óbvio, a segurança é algo que nos preocupa porque é uma situação que diz respeito aos nossos associados. Para que possam desenvolver a sua atividade é necessário que seja seguro andar na rua, que a segurança dos seus estabelecimentos seja garantida, sobretudo durante a noite. Existindo segurança, existe também maior confiança para que se circule em todas as ruas da cidade e que os consumidores do comércio tradicional sejam em maior número. No entanto, o papel da ACIF deverá ser apenas de alertar para situações que possam não estar tão bem porque a garantia dessas condições de segurança passa pelas entidades policiais, a quem compete tomar as medidas necessárias para essa situação.
Estamos no Natal, como é que carateriza a Campanha de Natal deste ano?
A Campanha de Natal deste ano pretende-se que seja um regresso em pleno a todas as atividades e iniciativas que habitualmente realizávamos nesta quadra antes da pandemia. Teremos atividades de animação nas principais artérias da cidade e nas três vilas do concelho, uma campanha de comunicação e imagem, com a distribuição de elementos produzidos com a marca “Natal ACIF 2022”, como por exemplo sacos reutilizáveis e amigos do ambiente para serem distribuídos aos consumidores do comércio tradicional famalicense. Vamos ter também o comboio e o carrossel, uma tradição no Natal em Famalicão, que servirá para criar a dinâmica habitual de promoção das compras no comércio tradicional.
A ACIF pretende continuar a contribuir para uma forte dinâmica económica e social, capaz de potenciar os seus associados e as respetivas atividades desenvolvidas. Para além disso, o objetivo passa por participar ativamente na promoção do concelho na região, estando próximo das entidades concelhias dinamizadoras das mais diversas atividades com potencial económico e de forte intervenção social.
Nesse sentido, vamos organizar e dinamizar o evento “Famalicão Porto de Encontro by ACIF”, que cumpre este ano a sua 7ª edição, promovendo a tradição concelhia do brinde com Vinho do Porto e a gastronomia famalicense, através de bares e restaurantes aderentes à iniciativa dinamizada pela ACIF. Esta iniciativa continua a ser uma grande aposta da ACIF e teremos novidades nos dois últimos fins-de-semana antes do Natal e na tarde do dia 24 de dezembro. Teremos uma bicicleta de dez lugares para circular na cidade, promovendo a mobilidade elétrica e o brinde entre amigos, tão característico da nossa cidade.
Por que razão devem as pessoas apostar no comércio tradicional para as suas compras de Natal?
As pessoas devem apostar no comércio tradicional não só para as compras de Natal, mas para todas as compras ao longo das diferentes épocas do ano. Porque é a garantia de um tratamento diferenciado por parte da pessoa que faz o atendimento, que conhece os nossos gostos, que sobretudo realiza um atendimento personalizado e adequado às nossas reais necessidades.
Para além disso, e falando agora em particular nesta época do ano, apostar nas compras de Natal em Famalicão significa fazê-lo num ambiente natalício de excelência, com diferentes atrativos e que tornam a experiência de compra em algo distinto daquilo que será uma ida a uma grande superfície comercial onde é tudo muito mais impessoal.
Quais os projetos para o futuro?
O grande projeto para o futuro é poder continuar a contribuir para o crescimento da Associação, trazendo cada vez mais associados para o dia-a-dia da ACIF, integrando-os nas diferentes atividades e tornar mais efetivo o trabalho desenvolvido. E procurar um maior reconhecimento da importância da atividade da Associação para o concelho e região.
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