Famalicão
“Se for eleito vereador, o Chega vence as eleições em 2029”

Pedro Alves é o candidato do partido Chega á Câmara Municipal de Famalicão. Tem 42 anos, é natural de Famalicão e iniciou o seu percurso político em 2020, quando decidiu integrar o Chega. Atualmente, é presidente da Comissão Política Concelhia de Famalicão do partido. Em termos profissionais, é subchefe dos Bombeiros Voluntários de Riba d’Ave, formador certificado pelo INEM e Escola Nacional de Bombeiros.
OPINIÃO PÚBLICA: Há quatro anos, o Chega concorreu pela primeira vez às eleições autárquicas em Famalicão e conseguiu eleger para a Assembleia Municipal. Este ano, esperam que essa eleição chegue ao executivo camarário?
Pedro Alves: Sim. Há quatro anos concorremos com uma grande expectativa e conseguimos a eleição do João Pedro Castro para a Assembleia Municipal, que fez um trabalho de excelência. Este ano, pretendemos aumentar o número de eleitos na Assembleia Municipal e entrar no executivo com a eleição de um a dois vereadores. Claro que, quando concorremos, é sempre para vencer, mas também temos que estar sempre atentos aos sinais que a população nos dá e também às sondagens que temos.
Em relação às freguesias, o partido apresenta candidaturas a 20 assembleias de freguesia…
Isso é sinónimo do crescimento do partido. Sentimos isso na rua e sentimos isso quando nos propusemos a fazer as listas da nossa candidatura. Eu, sendo eleito vereador – que o vou ser – tenho a certeza absoluta que, em 2029, o Chega vence as eleições em Famalicão. Isso é garantido, porque as pessoas vão conseguir perceber qual é a onda da mudança e qual é a nossa ambição.
Que diferença podia fazer a representação do Chega no executivo?
Uma diferença mais fiscalizadora e mais ativa. Queremos fazer mais, queremos ser mais ambiciosos em vários pontos, desde a segurança à habitação e à inovação. São pontos fundamentais que sustentam uma sociedade e esse será o nosso grande foco.

A segurança, de facto, é uma das principais bandeiras do Chega. Curiosamente, os dados das forças de segurança até dizem que a criminalidade não tem aumentado substancialmente…
A segurança pode ter vários campos, não tem a ver só com a criminalidade. Neste campo podemos incluir, por exemplo, a proteção civil e os bombeiros, onde precisamos de um forte investimento. Por isso é que uma das nossas propostas é criar o centro de comunicação e coordenação para que a informação seja mais célere ou para evitar, por exemplo, a duplicação de meios numa ocorrência. Por outro lado, as pessoas estariam muito mais informadas daquilo que podem fazer, porque nesse centro estratégico os operacionais teriam um centro de treinos.
Outro ponto é a segurança rodoviária. Basta olhar para os passeios e para as estradas. Há técnicas simples que nós queremos implementar, como colocar em algumas estradas, que já estão sinalizadas por nós, umas faixas fotoluminescentes para demarcar as margens, de forma a garantir uma maior segurança a quem anda nos passeios e também aos automobilistas.
Por outro lado, conseguimos perceber, nos contactos que temos mantido com os nossos empresários, que alguns deles precisam de apoio na área da segurança no trabalho, porque não têm ninguém que execute esses projetos, inclusive até outro tipo de projetos muitas vezes associados ao PRR ou ao Portugal 2030. E o Chega quer criar um gabinete de consultoria na Câmara Municipal para conseguir ajudar os empresários e também conseguir promover práticas seguras no trabalho.
Como vê, a segurança tem a ver com muitas áreas que são transversais a tudo aquilo que é nossa sociedade.
Sendo a sua atividade profissional nessa área, sente que há no terreno essas necessidades?
Sem dúvida. Percebemos que as empresas, muitas vezes, não têm condições de segurança porque não têm ninguém que os aconselhe tecnicamente. Ou então pensam que aquele método de trabalho é um método normal, que já usam há muitos anos. Há muito a fazer e vamos ter connosco a ACIF para coordenar todo este projeto nas empresas.
Segurança também é prevenir e nós queremos implementar medidas preventivas para mitigar situações de risco, como, por exemplo, simulacros escolares e formação para os técnicos escolares. Naturalmente, contando com os centros de formação que já temos, como Centro Qualifica, para, por exemplo, qualificar as pessoas de forma a garantir que quando um pai deixa um filho na creche, vai deixá-lo com pessoas que estão devidamente formadas para garantir o melhor socorro, em caso de alguma necessidade. Claro que isto terá que ser implementado com outras medidas mais abrangentes, eu próprio dou formação nas escolas e sei que o rácio de funcionários para o rácio de alunos não é eficiente e nós queremos aumentar o número de funcionários.
A Câmara Municipal diz que já aumentou face ao rácio que é exigido pelo Ministério da Educação…
Sim, é um facto. Mas nós ainda queremos mais… é a tal ambição que defendemos, de forma a garantir que vamos conseguir um melhor ensino, uma melhor educação, um melhor acompanhamento, que são coisas que são muito importantes. E nós lançamos as nossas propostas, apoiados em dados objetivos. Há empresas de consultoria que nos estão a apoiar, a fazer este levantamento de dados. Muitas vezes a legislação diz-nos que só podemos ter x, mas se tivermos o x e o y, vamos melhorar a condição de vida das pessoas… é isso que nós pretendemos.
Uma das vossas propostas tem a ver com a videovigilância, alargando-a às principais vias do concelho. Não será uma medida difícil de implementar, visto que, mesmo as câmaras que já estão instaladas na cidade aguardam há muito tempo autorização para entrarem em funcionamento?
Não é difícil, muito pelo contrário. O que temos é um país muito burocrático e esse é que é o verdadeiro problema. Agora, a videovigilância tem uma eficiência enorme no momento do socorro ou no momento da prevenção. Nós sabemos disso. Então, nós vamos investir.
Portanto, esta videovigilância não era só direcionada para a prevenção do crime ou para detetar infrações, mas também para ajudar no socorro em caso de algum sinistro?
Exatamente. Vamos imaginar que acontece um acidente às três horas da manhã na variante nascente, se não houver uma vigilância ativa, só quando lá passar alguém àquela hora, em que o trânsito é muito mais diminuído, é que vão conseguir perceber. E mesmo assim ainda vão ter dúvidas… será que está alguém dentro do carro? Será que alguém já comunicou? Com a videovigilância conseguimos, no primeiro momento, ver o acidente e de imediato atuar. E isso é que é importante.

Há uns tempos atrás disse que um novo hospital em Famalicão era utópico e até defendeu que fosse possível contratualizar com privados as especialidades que o hospital não tinha. Entretanto, recentemente também defendeu que o hospital devia ter mais especialidades. Afinal em que é que ficamos?
Claro que um novo hospital é sempre um sonho. Se o governo disser ‘vamos investir em Famalicão e vamos lá colocar um novo hospital’, nós somos defensores. Mas, enquanto não temos essa solução, não podemos ficar de braços cruzados. E é aqui é que pode entrar o privado com as parcerias: se o cidadão não tem uma consulta no Hospital Famalicão, devido à falta de médicos, falta de vagas ou porque a lista é muito extensa, nós vamos entrar com o privado de forma a complementar aquilo que o público não consegue fazer.
Depois, há outra questão fundamental, as especialidades. Isto já é de anos. Num hospital como o nosso, que até é um hospital centralizado, não podemos perder mais investimento. Em 2005, perdemos muitas valências do tribunal e nós não queremos que aconteça exatamente a mesma coisa com o Hospital de Famalicão. Aliás, quando houve ameaça do governo para o fecho da maternidade, nós fomos o primeiro partido que fizemos uma manifestação, juntamos 100 pessoas em frente ao hospital. Isto é um sinal claro que nós queremos que os serviços fiquem em Famalicão. Os enfermeiros, os médicos e os técnicos fazem um serviço de excelência. Mas o que eles nos relatam é uma degradação total do hospital e, por isso, tem que ser intervencionado.
Habitação é outro dos temas que todas as candidaturas abordam e têm propostas. Sabemos que estão em vias, no âmbito do Primeiro Direito, de serem concretizadas cerca de 300 habitações com a rendas mais acessíveis. Quais são as propostas do Chega nesta nesta área?
Essas 300 habitações são necessárias, mas são insuficientes. Nós temos uma cidade muito atrativa, temos grandes empresas e essas empresas também são atrativas. Por isso, temos que aumentar a oferta. Por exemplo, fazer um levantamento de alguns terrenos estratégicos para conseguirmos fazer parcerias com os nossos empreiteiros, de forma a garantir que a construção seja muito mais rentável. Se conseguirmos que haja uma poupança no momento da construção, desde o terreno ao processo burocrático, podemos conseguir casas que até podem chegar a metade do preço daquele a que são neste momento colocadas no mercado. E esta é uma das nossas propostas.
Depois temos que fazer um levantamento exaustivo e perceber o que temos que não está habitado. Por exemplo, no edifício das Lameiras, sabemos que existem algumas habitações do domínio municipal que não estão habitadas neste momento. É preciso direcioná-las para onde existe maior necessidade.
Acha que nestes últimos quatros se fez pouco nesta área?
Sim, fez-se muito pouco, tanto é que o problema não está resolvido. Este tipo de problema não pode durar quatro anos, tem que ser resolvido. Se me disserem que tem que ser resolvido faseadamente, tudo bem. Mas, então, qual é o objetivo para este ano? Qual é o objetivo para o ano seguinte? A verdade é que tivemos quatro anos para que este projeto já pudesse ser executado e outras pessoas já estivessem com uma habitação mais digna. Muitas vezes associam a carência da habitação à questão da imigração, mas eu dou o exemplo da Continental. Se não fosse aquela imigração, aquela população que vem do Brasil, a empresa não teria funcionários suficientes para o processo produtivo.
Mas, curiosamente, o Chega, nas suas propostas, diz sempre habitação para os portugueses…
Não, o que nós dizemos sempre é: os portugueses primeiro, porque sempre descontaram para o país. O que nós não queremos é um Famalicão que tenha barracas. Não vamos permitir que se volte ao tempo das barracas, de há 20 e poucos anos atrás, onde o vereador do urbanismo era conhecido por ser vereador das barracas. Nós temos é que receber as pessoas e dar-lhes uma habitação digna. E quando nós falamos em habitação digna, é onde todos consigam habitar e consigam ter as melhores condições de vida. Não podemos é dizer ‘venham todos, venham todos’ e depois colocarmos 20 pessoas numa casa, como já temos casos em Famalicão que foram sinalizados, em que entra aqui outra questão que é a saúde pública. E se quisermos garantir saúde para qualquer cidadão, não podemos permitir que existam estas práticas contraditórias.
Outra das nossas propostas, que tem a ver com a habitação, é a redução do IMI para a taxa mínima. É perfeitamente exequível.
O Chega também tem propostas para a área social, nomeadamente para crianças e idosos. São as faixas etárias que mais o preocupam?
Nós temos muitas propostas e posso garantir que quando nós lá chegarmos, quando formos executivo, terei um vereador apenas focado naquilo que é o projeto social.
Desde logo, é preciso perceber qual é a verdadeira realidade do concelho, onde é que existem situações de pobreza, onde é que podemos ensinar as pessoas a ter literacia financeira de forma a que consigam melhorar a sua própria condição de vida. Perceber se as equipas que fazem todo este apoio, que trabalham nas IPSS, precisam de algum acompanhamento psicológico. A ideia é constituir equipas de forma a garantir que, numa situação de emergência social, numa situação onde é necessário fazer uma comunicação difícil, elas estejam preparadas para o efeito.
Outra questão fundamental tem a ver com as creches. Sabemos que existem freguesias onde existem mais crianças do que noutras e vamos ter que balancear isto, ou seja, ter realidade estratégica e saber aquilo que faz falta. Por exemplo, sabemos que, em Joane, cerca de 40% das crianças que lá vivem não vão conseguir ter creche. Sabemos que, em Ribeirão, aproximadamente 50 crianças que lá vivem também não têm vaga. Sabemos que em Lousado temos exatamente o mesmo problema… sabemos porque já fizemos esse trabalho de casa. E a solução é tão simples quanto isto: temos que criar oportunidades para que estas IPSS e para que estas instituições consigam aumentar as suas valências.
A mobilidade é outra área que preocupa o partido. No vosso entender quais são os principais problemas do concelho e que soluções é que preconizam?
Ainda há dias, numa reunião com empresários, ele diziam-nos que, da mesma forma que fizemos muita pressão para que houvesse a isenção do pagamento de autoestradas no sul, que o façamos aqui no norte. Temos as autoestradas com maior circulação e que são as mais caras do país. Por isso, logo de imediato, vamos tentar perceber, através do poder central, que se eventualmente houve benefício a sul, nós também temos que ter este benefício a norte.
Depois, o melhoramento das estradas, que em muitas freguesias estão em péssimo estado. E uma estrada que está mal sinalizada, que está mal executada, que está danificada, é uma estrada que aumenta, logo, o índice de acidente.
Outra prioridade é melhorar a circulação e a falta de estacionamento na cidade. Uma das nossas propostas passa por tornar gratuito o parque de estacionamento do antigo campo da feira. Mas, melhor do que isso, cobri-lo com painéis solares, para garantir que situações de desmatação, como houve, não voltem a acontecer em Famalicão. Vamos aproveitar a cidade, vamos aproveitar as empresas, vamos aproveitar os parques de estacionamento para colocar esses painéis, dando até outro conforto às pessoas que lá estacionam, porque ficam com um espaço coberto.
A nova rede de transporte público, a Mobiave, veio dar algum contributo nessa área?
É um projeto muito bom, mas esquece um ponto fundamental, que nós também vamos rapidamente reivindicar, que é: o que se fez na Mobiave para Famalicão, Trofa e Santo Tirso, também seja feito para o Porto, Braga ou Guimarães, onde temos muitos estudantes.
Por outro lado, já que temos o Voltas, somos defensores de ter um autocarro específico que esteja sempre a rodar pelos principais pontos da cidade. A nossa ideia é que as pessoas estacionem junto ao Parque da Devesa e há um veículo que faz o vai-e-vem para pessoas que vão fazer análises, que vão ter uma consulta, que têm que ir à segurança social e por aí fora. Como está sempre a rodar, as pessoas não têm que esperar muito tempo para voltar a apanhar o autocarro e regressar a casa. É algo muito simples, porque o veículo já existe, o que falta é criar esta volta muito específica, que vai ajudar muita gente.
Fala em ambição, mas também na redução de impostos. E a pergunta que se impõe é: como é que vai haver dinheiro para isso tudo?
O dinheiro existe. Nós temos um orçamento muito grande, temos muita receita e o impacto da redução do IM é apenas de 1,5 milhões de euros. Agora, claro que nós temos que cortar outras coisas, como o despesismo nas festas. Nós temos que fazer as festas, porque temos que manter as tradições, mas podemos controlar os custos. Também já ouvi dizer que o Chega vai despedir ou dispensar funcionários municipais. Ora, não podemos fazer isto, porque as pessoas querem viver em Famalicão, as pessoas têm o seu trabalho. Agora, o que podemos é realocar alguns recursos, onde eles fazem mais mais necessidade.

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