Opinião
Outra vez a pobreza
Já descansando sobre os resultados das eleições presidenciais, feitas quase todas as análises e comentários, “estão em curso” os ajustes partidários.
Nesta pandemia e crise social e económica, regressa em força de novo a pobreza!
Pode ser enganador, o título. Sugere que a pobreza é um mal que vai e vem; ou melhor, que existe, resolve-se, e volta a instalar-se…
O que constato agora é apenas que, de algum modo, o tema é motivo de alarme social, pelo menos de preocupação e vem a “lume” de forma muito mais pertinente!
Aliás o Secretário Geral da ONU, António Guterres, há dias alertou para a calamidade mundial, vincando que está a recrudescer sem capacidade de retrocesso, mas nem precisava de o fazer, bastava ver por nós. Esse sentimento de fraqueza, de impotência, de sofrimento de uma parte da população, cada vez maior, é “palpável” em cada situação de crise.
Há dias fui a uma caixa multibanco e deparei, no ecrã, com uma espécie de poesia, “inspirada” no Hino Nacional: “Heróis doar; É o nosso povo; Nação valente e igual; Vamos inverter, hoje de novo; A pobreza em Portugal”.
Parece-me apenas “campanha” financeira, enganadora como outras, mas pode ser erro meu e se trate de ação de solidariedade. A pobreza é o objeto, esperemos para ver.
O caderno “URBANO” do JN, de 24 de janeiro, escreve na primeira página com destaque: “Há dois milhões a tiritar de frio dentro de casa. E resume: Com a energia mais cara da Europa, a má qualidade dos edifícios nas cidades e os baixos rendimentos da população, Portugal precisa de 20 anos e 7,6 mil milhões de euros para acabar com a atual pobreza energética”! Remete o desenvolvimento para as págs. Centrais.
Combater o empobrecimento é de pertinente acuidade, que não pode deixar ninguém indiferente. Os milhões de portugueses em penúria desesperam há tempo de mais.
Até março passado, as medidas do governo socialista e, diga-se pela verdade, com as ações da esmagadora maioria das autarquias portuguesas, a nível local, como o caso inequívoco da câmara de Famalicão, o drama estava como que adormecido. Não terá baixado de 2 milhões, mas na atual situação têm-se agravado muito. Falar, dizer que a miséria existe não é, em si, motivo de alívio para os pobres. Mas é, porém, no meu ponto de vista, um “despertar” consciências.
Há pobres em várias dimensões e de bens de várias espécies, até de “espírito”, mas a pobreza material, de várias origens, condiciona a vida toda aos atingidos.
Populações inorgânicas, instituições vocacionadas para a “causa, muitos empresários da indústria, comércio e serviços têm mostrado uma grande solidariedade e altruísmo, das mais variadas maneiras, tudo complementando, nesta fase mais aguda de pandemia, com os apoios do Estado ao nível económico direto e medidas legislativas de ordem moratória financeiras, tributárias, SS, rendas, etc.
Contudo, a evolução da pandemia, que não dá tréguas, os confinamentos profiláticos que exige a pessoas individual ou coletivamente, a estabelecimentos comerciais, industriais e de serviços de maior risco, para preservar o SNS do colapso, que já há muito teria acontecido se os seus responsáveis políticos, administrativos e, sobretudo, profissionais de saúde e de apoio não se reinventassem todos os dias, laborando muitas vezes e muito tempo no limite do colapso, provocam ainda uma grande pobreza social, nos cuidados de saúde, nas condições económicas de pessoas e empresas, depauperando a economia!
É por isso que não compreendo a “guerrilha partidária” em torno da pandemia e das suas causas mais nefastas. E não, nunca mais vai ficar tudo bem, como disse no início…
Quanto à pobreza, Ventura – Rio e outros nos Açores – vem com propostas estapafúrdias numa das piores alturas. O primeiro “julgamento”, que parece estar a ajustar-se, vem lá para o Outono. Para ajudar a combater o empobrecimento…
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