Economia
Famalicão Made IN ajudou a criar mais de 400 empresas e 3 mil postos de trabalho em 10 anos
São mais de 400 novas empresas, mais de três mil postos de trabalho criados e 347 milhões de euros de investimento captado. Estes são alguns dos números avançados pela Câmara Municipal no balanço dos 10 anos do programa Famalicão Made IN que completa, neste mês de outubro, uma década de existência.
Foi em 2014 que a autarquia famalicense decidiu lançar o programa Famalicão Made IN de apoio ao empreendedorismo e às Pequenas e Médias Empresas (PME). O objetivo era valorizar e promover a genética empreendedora do concelho,captar novos investimentos e auxiliar empresários e empreendedores no desenvolvimento de projetos de negócio.
Dez anos volvidos, o presidente da Câmara Municipal, Mário Passos, diz que o balanço é “francamente positivo”, não só pelos números que dizem respeito ao território, mas também pelos dados macro-económicos que consolidaram Famalicão no terceiro concelho mais exportador do país e dos que mais contribui para a balança comercial nacional, com uma taxa de desemprego abaixo da média nacional.
Mário Passos vai ainda mais longe e considera que o Famalicão Made IN “foi um pilar que se construiu e que vai fazer com que os desafios do futuro possam ser acompanhados e enriquecer, cada vez mais, este modelo de desenvolvimento económico que temos em Famalicão”.
Olhando para o território, na última década, deram entrada no Gabinete do Famalicão Made IN 4.176 processos para apoio a PME. “É mais do que um processo por dia, de empresários, empreendedores e investidores que queriam desenvolver os seus projetos em Famalicão”, salienta o vereador do Empreendedorismo, Augusto Lima.
É certo que nem todos os projetos apresentados vingaram, mas Augusto Lima não tem dúvidas de que o Made IN contribuiu para que muitos deles sejam casos de sucesso. “A nível nacional a taxa de sucesso de novos negócios anda à volta de 20% e nós estamos claramente acima disso”, afirmou o responsável ao OPINIÃO PÚBLICA, para quem o sucesso do programa municipal se deve também “à panóplia de serviços que oferece” e que vão desde a procura de financiamento e de instalações, à procura de parceiros, de fornecedores e clientes, até ao lançamento o de marcas. “Há, de facto, um conjunto muito diversificado de apoios que o Made IN dá a cada uma das ideias e projetos de negócio que chegam ao Gabinete, o que torna este programa mais rico e com um contributo significativo para o sucesso de cada um dos empreendedores”.
Feitas as contas, os resultados estão materializados em 411 novas start-ups/PME criadas, em 3.078 novos empregos, na captação de 347 milhões de euros de investimento.
Preparar o futuro
Este ano, Famalicão celebra o título de Região Empreendedora Europeia. Na opinião do presidente da Câmara isso não acontece por acaso e o Made IN deu um forte contributo “porque soube criar um verdadeiro ecossistema empreendedor no território”. O edil lembra que, antes do programa, as empresas do concelho eram, em grande parte, “muito fechadas em si mesmas, e uma das grandes virtudes deste passo foi estimular as empresas para que se abrissem à comunidade”. Essa abertura – continua Mário Passos – “permitiu interações diversas com outras empresas, com o sistema de inovação e tecnologia, como Citeve e outros, com as escolas de formação profissional, com a gestão autárquica, com a própria comunidade”.
Chegados a 2024 é também altura de pensar e preparar o futuro, que traz desafios cada vez maiores: a digitalização, a Inteligência Artificial, a sustentabilidade ambiental são conceitos que cada vez mais terão de estar presentes nas empresas. Mário Passos garante que, ao nível das políticas públicas municipais esse trabalho já começou e dá como exemplo o recém-criado Famalicão INUB, em Vale S. Cosme, juntamente com a Universidade do Minho. O autarca recorda ainda os centros de investigação como o CENTI, que acolhe já mais de 180 investigadores, ou a formação profissionais com os oito Centros Tecnológicos Especializados que Famalicão conseguiu captar.
Mário Passos, nota, contudo, que “há ainda muito a fazer”, até porque os desafios são “cada vez mais exigentes e globais”. Foi nesse sentido que, em 2022 o Município assumiu um novo compromisso: transformar e impulsionar a transição do Made IN Famalicão para o Created IN Famalicão, no sentido de “antecipar a resposta aos novos desafios e trazer para as políticas públicas as matérias que vão dominar a próxima década à escola global”, conclui o autarca.
Três projetos que passaram do sonho à realidade
Susana Azevedo começou a fazer chocolates, “na brincadeira”, com a filha. Em 2014, no ano em que foi criado o Famalicão Made IN, decidiu criar o seu próprio negócio e candidatar-se ao apoio do programa municipal. Com a ajuda do Made IN criou a SIM Chocolates e abriu uma loja em Famalicão.
Hoje já abriu uma unidade produtiva em Ribeirão e reconhece que o apoio do Made IN foi fundamental, não só para arrancar com o projeto como para fazê-lo crescer. “Ajudou-me a ver as coisas de outra forma e a evoluir como empresária”, sublinhou, em declarações ao OP.
Nelson Silva criou A Camioneta em finais de 2015 e diz que o Made IN tem sido “um parceiro essencial na alavancagem do projeto”. “Tivemos consultadoria estratégica, mentoria e acesso ao programa Finicia que foi muito importante para o nosso crescimento”, concretiza.
Hoje, A Camioneta, que começou por ser uma espécie de roulote alimentar, com a configuração de uma camioneta, já tem um espaço físico e está a trabalhar para crescer e abrir outras lojas. “O projeto está sustentado e agora o objetivo é expandir”, afirma Nelson Silva.
É uma das mais recentes empreendedoras apoiadas pelo Famalicão Made IN. Maria José Pinto ocupa uma loja na incubadora da Estação Rodoviária com o seu projeto Terrário que comercializa plantas em recipientes de vidro. Começou a pensar na ideia de negócio em 2019, mas foi com o Made IN que ela se concretizou. “Muitas vezes temos ideias, mas falta o empurrão e o Made IN foi isso, foi o tornar possível”, conta a empresária.
A cedência da loja também foi importante, sobretudo “ao preço atual das rendas” e, ao fim de um ano e meio, Maria José revela que “estamos em lucro e temos até clientes de Lisboa”.
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