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Derrocadas continuam em Joane e deixam moradores em sobressalto

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Os moradores da zona da Tapada, em Joane, têm vivido em sobressalto, nas últimas semanas, sempre que chove intensamente.  Em causa estão deslizamentos de terra e de pedras, que têm ocorrido desde meados de dezembro, depois do proprietário de um terreno privado ter procedido a uma limpeza do mesmo, que envolveu o abate de árvores e movimentação de terras. 

A situação afeta quem habita nas zonas abaixo da Rua do Romão desde o dia 19 de dezembro último, altura em que aconteceu a primeira derrocada. Nessa altura os estragos foram muitos, mas neste mês de janeiro a situação voltou a repetir- pelo menos duas vezes, embora com menor gravidade, sendo que o último deslizamento de lama aconteceu no passado fim de semana. 

Abílio Ribeiro vive com a esposa, na Travessa da Tapada, próximo ao terreno que foi desmatado. A sua casa foi uma das primeiras a ser atingida pela lama a 19 de dezembro e depois, novamente a 13 de janeiro, altura em que a força da lama que corria era tal que derrubou o portão de entrada para o quintal. “Veio a Proteção Civil, veio a Câmara Municipal, para limpar, porque aqui na rua tínhamos quatro centímetros de lama”, contou o morador ao OPINIÃO PÚBLICA, “Isto é uma miséria, sempre que chove muito já não consigo dormir”, afirma.

Há ainda quem não tenha conseguido tirar toda a lama da primeira derrocada. A garagem de Maria Alzira continua com detritos, apesar de “ter estado um senhor um dia inteiro a tirar a lama, só que isto é muito ruim e tem que secar”.  A moradora conta que, no temporal de dezembro,a família estava a dormir e de manhã, quando acordaram, “ ninguém conseguia passar”, apontando para o pátio da casa.  

Em janeiro a lama voltou a correr estrada abaixo, mas não entrou com tanta intensidade, até porque os moradores vão tentando encontrar formas de suster a enxurrada. No caso de Maria Alzira, construiu-se uma espécie de degrau de terra improvisado. Já Abílio Ribeiro colocou tábuas na entrada da casa e na entrada do quintal.

Na zona não se fala de outra coisa e aponta-se o dedo à intervenção realizada no terreno, mais acima, localizado na Rua do Romão, “que deixou as terras soltas,  que correm por estas ruas abaixo sempre que chove muito”, relata outro joanense , que não mora na zona, mas tem lá um terreno agrícola. “Se não se fizer nada, vamos ter sempre isto, Basta contar as vezes que já vieram limpar a estrada para ficar tudo dito”, adverte. 

Proprietário notificado a criar barreira de madeira

O Partido Socialista (PS) de Famalicão já veio a público, em comunicado, reclamar da Câmara de Famalicão uma solução para o problema, “que tem trazido transtornos e prejuízos materiais a centenas de joanenses”.  

Precisamente, o presidente da autarquia diz que tem acompanhado a situação desde o primeiro dia, através dos serviços municipais do Ambiente, da Proteção Civil e da fiscalização que têm estado no local, tendo reunido com o proprietário e a Junta de Freguesia de Joane, no sentido de encontrar soluções. A este propósito, Mário Passos adiantou que, na última segunda-feira, dia 27 de janeiro, a Câmara notificou o proprietário do terreno para criar “uma barreira de contenção de terras, em madeira, até que a vegetação volte a crescer e, com isso, haja a consolidação das terras”.   

De resto, o edil diz que ao longo deste tempo o proprietário foi tentado resolver o problema, com a criação da rede de águas pluviais e de algumas valas que evitassem o deslizamento das terras, mas estas medidas revelaram-se insuficientes. 

Na segunda-feira, foi então notificado para, no prazo de 48 horas, começar os trabalhos de contenção das terras, com a construção do talude de madeira. Caso não o faça, a autarquia assumirá a intervenção imputando depois os custos ao proprietário.

Mário Passos diz-se ainda preocupado com os danos que a situação causou aos residentes, “que não têm culpa da situação” e como tal garante que a limpeza das habitações afetadas e a reparação dos danos terá que ser também assumida pelo proprietário do terreno. 

O edil garante ainda que a intervenção realizada foi apenas de limpeza, não existindo nenhum pedido para uma intervenção urbanística no local. Por isso, esclarece que o proprietário não tinha, segundo a lei, de informar os serviços municipais da intervenção. Quando muito, estando em causa o abate de árvores, teria que informar o Instituto da Conservação na Natureza e das Florestas.

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