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Famalicão

Transportes falham em Famalicão para desespero dos utentes. Câmara pressiona Transdev

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A oferta de transporte público rodoviário no concelho de Famalicão está a registar muitas deficiências e não cumpre aquilo que a Câmara Municipal prometeu para este ano de 2023. Os utentes falam em autocarros suprimidos ou em incumprimento de horários e que o serviço ao fim de semana é uma miragem. A autarquia reconhece os problemas, mas diz que a culpa é da Transdev, que não está a cumprir com o caderno de encargos a que se comprometeu.

As queixas são muitas e as falhas acontecem um pouco por todo o concelho. O OPINIÃO PÚBLICA (OP) colheu o testemunho de um grupo de famalicenses, com Passe Sénior, que frequenta as piscinas de Ribeirão, com transporte, alegadamente, assegurado por autocarro, a partir da Central Rodoviária de Famalicão. Alegadamente, porque nem sempre há autocarro.

Na passada quinta-feira, o grupo esperava, como habitualmente, pelo autocarro, que desta vez chegou, ao contrário do que tinha sucedido na semana anterior. “Não há respeito nenhum, tanto há como não há”, afirma Agostinho Costa, que vem dois dias por semana de Lemenhe, também de autocarro, até à Central Rodoviária para depois apanhar o transporte até às piscinas de Ribeirão. “Viemos para aqui, pagamos o passe [7,73 euros por mês] e depois não há autocarro”, conta Agostinho que garante que a situação “acontece com frequência”.

As falhas também se verificam no percurso de Ribeirão para Famalicão, o que “ainda é muito pior”, diz Rita Sousa. “Vamos para lá de autocarro, mas, depois, para cá, ficamos à espera e o autocarro não aparece. Temos que ligar a familiares, pedir boleia a outras pessoas ou até vir de táxi, como já aconteceu”, relata esta utente.

A indignação é ainda maior pelo facto de, no gabinete da Transdev que existe na Estação Rodoviária, não conseguirem obter qualquer informação ou explicação. “Não sabem se o autocarro vem, se não vem. O senhor que ali está diz que a sua função é só vender bilhete, que não sabe de nada e que temos que ir a Guimarães ou à Câmara”, relata Adelaide Sampaio, de Avidos.

Mas a intermitência não se verifica só nesta carreira para as piscinas de Ribeirão. O OPINIÃO PÚBLICA tem relatos de pessoas que se deslocam para outros destinos do concelho, que, por vezes, ficam igualmente sem transporte. Aliás, no dia em que o OP realizou a reportagem na Central Rodoviária para ouvir o grupo das piscinas de Ribeirão, encontrou três estudantes da Escola Camilo Castelo Branco que pretendiam ir para Vale S. Cosme, depois do término das aulas, mas o autocarro não chegou. “Ficamos sem transporte. O autocarro era às 14h10, são 14h45 e ainda não chegou. Estamos a telefonar a familiares para nos virem buscar”, contaram a Daniela e a Patrícia, que também asseguraram que não foi a primeira vez que ficaram sem autocarro. “De vez em quando acontece”, afirmam.

CÂMARA AMEAÇA TRANSDEV COM SANÇÕES

Para 2023, a Câmara Municipal de Famalicão adjudicou à transportadora Transdev o serviço de transporte público rodoviário de passageiros, pelo valor de mais de 5 milhões de euros, com reforço dos percursos e dos horários dos autocarros, incluindo carreiras ao fim de semana.

Porém, cerca de um mês e meio depois, a realidade é bem diferente. Fonte do gabinete da presidência da autarquia disse ao OP que a empresa não está a cumprir com o caderno de encargos a que se comprometeu no âmbito do concurso e que a Câmara Municipal “tudo tem feito para reverter a situação de incumprimento”.

O OP teve acesso a um ofício enviado à Transdev, no dia 3 de fevereiro, assinado pelo presidente Mário Passos, que concede à empresa um prazo de 30 dias para cumprir as obrigações contratuais, caso contrário o Município avançará com “sanções contratuais pecuniárias” previstas no Caderno de Encargos.

VÁRIAS SITUAÇÕES DE INCUMPRIMENTO

No ofício enviado à Trasndev, a autarquia famalicense descreve várias situações de incumprimento, desde logo, o facto de em janeiro a rede contratualizada ser de 50 linhas de transporte, tendo e empresa realizado apenas 40, verificando-se “uma redução e 51% no número de quilómetros objeto do contrato”.

A Câmara Municipal diz ainda que “existem reclamações de munícipes que alegam que lhes foram cobrados títulos de transporte mais elevados do que aqueles que foram aprovados”, pedindo à Transdev que esclareça a situação.

No ofício é ainda referido que o gestor do contrato constatou no terreno que a idade da frota também não está a ser cumprida. A idade máxima prevista no contrato é de 240 meses “e já operaram linhas com veículos de 1992”.

A tudo isto, a autarquia junta o facto de a Transdev “não estar a cumprir com as suas obrigações de reporte”, o que impossibilita “comprovar os veículos/km realizados e a bilhética arrecadada”, bem como “eventuais atrasos ou serviços não realizados”.

De resto, este alegado incumprimento por parte da Transdev não é caso único. Ao que o OP apurou, a CIM do Ave e a CIM do Cávado estão também agir legalmente contra a empresa, pois também estas entidades estão a sofrer com problemas idênticos ao verificados em Famalicão.

O OP procurou uma reação junto da Transdev, pedindo esclarecimentos à empresa, mas até ao fecho desta edição não recebemos resposta ao email enviado.

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