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Famalicão

Chefe dos Escuteiros: “A pandemia teve um impacto brutal nas nossas atividades”

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Carlos Filipe Pereira é chefe do Núcleo de Famalicão do Corpo nacional de Escutas há quase seis anos e fala numa experiência muito positiva e num desafio diário. O responsável considera que a pandemia veio, não obstante as dificuldades, fortalecer os escuteiros, que tiveram que se reinventar

A cumprir o segundo mandato de três anos, Carlos Pereira adiantou ao OPINIÃO PÚBLICA que não pretende recandidatar-se, querendo dar lugar a outros.

Como têm vivido os escuteiros famalicenses durante este ano de pandemia?

CARLOS FILIPE PEREIRA: Tal como a nossa sociedade, a nossa associação foi fortemente afetada na sua dinâmica quotidiana. Todos os eventos de maior dimensão foram cancelados ou ajustados. Nos picos da pandemia, a atividade presencial foi impedida e como tal ajustada para dinâmicas online. Estas dinâmicas tinham e têm como principal objetivo manter o contato com os nossos jovens procurando manter a chama acesa.

Habituados a conviver, seja nas reuniões, acampamentos e as mais diversas atividades, tem sido um ano de adaptação para os escuteiros…

A nossa associação caracteriza-se pelo contacto com a natureza e pela constante interação entre os jovens. A ausência ou forte condicionamento da dinâmica presencial afetou/afeta toda a nossa ação. Ao mesmo tempo que o aprender fazendo também nos distingue e por isso fomos persistentes no que diz respeito às dinâmicas online, no sentido de perceber o que resulta/resultou para manter o contacto, a alegria de ser escuteiro e o espírito de união, quer para os miúdos quer para os dirigentes.

Como têm sido desenvolvidas as vossas atividades? Que atividades são desenvolvidas em tempos de confinamento e as mais diversas restrições?

A grande maioria das nossas atividades tiveram de ser convertidas para a dinâmica online, mas por muito que consigamos ser inventivos, acabam por ser apenas atividades online. Deixou de existir o contacto com a natureza, as atividades ao ar livre foram substituídas por acantonamentos em casa, as dinâmicas de patrulha/equipa foram realizadas individualmente, o que em termos de vivência escutista não nos caracteriza.

A pandemia teve um impacto brutal nas atividades generalizadas da nossa associação. No que às atividades de núcleo diz respeito, foram poucas as que foram possíveis realizar de forma presencial e precisamos de destacar a obrigatoriedade do cancelamento da nossa atividade maior (o Acampamento de Núcleo).

Como descreve o movimento escutista em Famalicão?

O núcleo de Famalicão é um dos maiores do país, com uma dimensão superior à maioria das regiões (dioceses) do CNE. Tem aproximadamente 2700 escuteiros (dos quais cerca de 620 são dirigentes) distribuídos por 44 agrupamentos que fazem parte do Arciprestado de Famalicão (inclui 5 agrupamentos de Santo Tirso).

Realçamos sempre que o importante não é o número de escuteiros, mas antes o trabalho que estes desenvolvem em prol da sociedade, na transmissão de valores, na vivência do escutismo e na preparação de homens e mulheres para vida quotidiana. Caracteriza-nos a resiliência, a solidariedade e a audácia de sermos a cada dia, melhores escuteiros e consequentemente, melhores cidadãos.

Acredito que todo o contexto da pandemia, apesar das dificuldades, nos fortaleceu e isso passou também a descrever-nos.

Sente que o movimento escutista é muito acarinhado em Famalicão? Os pais e educadores continuam a ver mais valias no método de Baden Powell?

Sim, sentimo-nos acarinhados e sentimos que reconhecem a nossa ação e isso, para nós, é de extrema importância. No escutismo capacitamos os jovens e adultos para serem cidadãos ativos, criando uma mudança positiva nas suas comunidades e no mundo que os rodeia. Trabalhamos para uma sociedade mais equilibrada e feliz nunca perdendo o norte que é o Homem Novo (Jesus Cristo) … e este será sempre o nosso maior desafio!

Apesar do desafio ser grande, numa sociedade em que a tecnologia, o consumismo e o supérfluo se impõem, nós temos jovens que dormem no chão, passam dias sem internet e grandes equipamentos tecnológicos, levam apenas o essencial para comer e vestir. Isto faz com que a sociedade dê cada vez mais importância ao CNE, e os jovens aderem pois sentem a diferença e sabem que fazem a diferença. Se os pais sentirem que isto pode melhorar a formação do carácter dos seus filhos, então não devem hesitar…

Neste momento, quais são as maiores dificuldades que se colocam ao escutismo famalicense?

Diria que uma das maiores dificuldades e por consequência dos maiores desafios que temos, passam pela dificuldade em ter um número adequado de adultos voluntários com disponibilidade para as necessidades atuais do nosso movimento. Embora esta não seja uma realidade transversal a todos os agrupamentos do nosso núcleo, naqueles em que é evidente assume uma importância vital.

Não tem receio que a pandemia e o confinamento venham a diminuir o número de crianças e jovens a alinhar no escutismo?

Sim, já estamos a sentir esse efeito negativo. Infelizmente era algo que prevíamos que fosse acontecer. Importa agora que não percamos o foco no que realmente é importante para nós enquanto escuteiros e estou certo de que se isso acontecer, iremos recuperar em breve.

Como tem sido liderar o Núcleo de Famalicão?

Liderar o Núcleo de Famalicão tem sido uma honra absoluta. É um desafio constante e diário, que partilho com uma equipa extraordinária de dirigentes, com uma entrega inspiradora.

Que balanço faz do seu trabalho enquanto Chefe de Núcleo?

Creio que ainda é cedo para um balanço final pois estaria a pôr de parte aquilo que ainda queremos fazer no ano corrente…tomara que tenhamos a oportunidade para o fazermos!

Contudo, fazendo um balanço intercalar, creio terem sido mandatos muito positivos, com uma marca reconhecida. Infelizmente será sempre manchado pela pandemia que nos afetou as maiores atividades e por isso ficara na memória como um ano menos positivo.

Este ano termina o seu segundo mandato de três anos. Vai recandidatar-se?

Não. A aventura tem sido extraordinária, mas decidi que é a hora de dar lugar a outros que, estou certo, deixarão a sua marca. Sempre fui defensor da rotatividade nos cargos diretivos, por isso, também aqui quero dar exemplo.

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