Famalicão
Pais surpreendidos e inconformados com fecho da APPACDM em Famalicão
Os pais dos utentes que frequentam o centro da Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental (APPACDM) de Famalicão dizem que foram surpreendidos com a notícia do encerramento da valência e não se conformam com a decisão da Direção da instituição.
A APPACDM de Braga está sem dinheiro para pagar os salários porque as suas contas foram penhoradas pela Segurança Social. Em face disso, Bruno Silva.
presidente da instituição anunciou que a APPACDM ia encerrar, por tempo indeterminado, os Centros de Atividades e Capacitação para Inclusão (CACI) em Braga, Famalicão, Esposende e Vila Verde.
Clara Sampaio, mãe de um dos utentes do CACI de Famalicão, deu conta da sua indignação ao OPINIÃO PÚBLICA. “Isto é inadmissível, avisaram-nos na quinta-feira da semana passada, assim sem mais nem menos, que o centro a partir daí estava fechado”.
Com um filho de 23 anos a frequentar a instituição, dependente 100% de terceiros, Clara Sampaio não se conforma coma decisão e afirma que é uma situação insustentável. “Estes meninos precisam de cuidados e há pais, já com alguma idade, que não têm capacidades físicas e psicológicas para tatar dos filhos 24 sobre 24 horas”. Além disso, têm que deixar e trabalhar, para ficar com eles.
O CACI de Famalicão é frequentado por 60 utentes e funciona de segunda a sexta-feira das 8h30 às 18h00. Esta terça-feira marcava o regresso dos utentes à instituição, depois do período da Páscoa, mas as portas estão encerradas.
Entretanto, também para esta terça-feira, está marcada uma reunião entre a direção da APPACDM de Braga e o centro distrital da Segurança Social para tentar chegar a um acordo.
Segundo Bruno Silva, que lidera a APPACDM de Braga desde finais de fevereiro último, em causa estão dívidas à Segurança Social que já ascendem a 531 mil euros e que resultam de “sucessivos incumprimentos” da anterior direção.
O atual dirigente, em declaração à Agência Lusa, contou que, na quarta-feira da semana passada, a instituição ia processar os salários, mas deparou-se com penhoras, no valor total de 303 mil euros, o que impediu o acesso às contas.
“Tínhamos um acordo de palavra para alinhavar um plano para pagamento das nossas dívidas à Segurança Social, mas fomos surpreendidos com as penhoras, que nos deixam sem dinheiro para nada”, referiu, o responsável.
Bruno Silva nota que que a APPACDM de Braga tem um total de 167 trabalhadores, ascendendo a massa salarial mensal a 220 mil euros. A instituição, que tem ainda três lares residenciais, que dão resposta a 262 utentes.
“Para já, e a muito custo, ainda mantemos os lares abertos, porque em causa estão utentes totalmente dependentes dos nossos serviços”, disse ainda Bruno Silva. Admitiu, no entanto, que se a questão das contas não for rapidamente desbloqueada, a instituição poderá ter de avançar para o encerramento, porque os fornecedores, designadamente no campo da alimentação, ameaçam “fechar a torneira”.
Troca de acusações entre entre atual e ex-presidente
Ainda em declarações à Lusa, Bruno Silva disse que a direção anterior poderá ter lesado a instituição em “entre dois a três milhões de euros”, através de gestão danosa e de apropriação ilícita de dinheiros públicos, apontando que o caso já está a ser investigado pelo Ministério Público.
Porém, o presidente da direção anterior, Bruno Ramos, refuta as críticas e diz mesmo que vai processar o seu sucessor. O ex-dirigente recorda que foi presidente da APPACDM de Braga entre 11 de novembro de 2022 e 8 de janeiro deste ano, salientando que nesse período Bruno Silva era presidente do Conselho Fiscal da instituição.
“Ou seja, era ele que fiscalizava as contas e os documentos da instituição. Em julho de 2023 foram aprovadas as contas de 2022 e foi emitido o parecer favorável do conselho fiscal presidido pelo tal Bruno Silva, com acesso a todos os documentos. A 25 de novembro de 2023, há poucos meses, foi apresentado o plano de ação e o orçamento para o ano 2024, com um saldo positivo de 54 mil euros e, mais uma vez, tivemos aqui um parecer favorável do conselho fiscal. Ou seja, a pessoa que agora diz que há um desvio de 2 a 3 milhões de euros emitiu sempre pareceres favoráveis”, salientou Bruno Ramos, em declarações à Lusa.
De acordo com Bruno Ramos, “o próprio técnico de contas deu parecer favorável, a instituição está sujeita a um revisor oficial de contas, que também deu parecer favorável”. “Fala-se de uma forma totalmente falsa, mentirosa e descarada em desvio de 2 a 3 milhões de euros, quando o que está em causa é a incompetência de não saber resolver os problemas”, acrescentou.
A instituição, segundo este ex- responsável, tem “um passivo herdado desde há muito tempo, um passivo de um milhão e tal de euros e, portanto, há aqui um valor de contribuições que tinha de ser negociado com a segurança social, já estão há três meses, desde que eu saí, e não fizeram absolutamente nada”.
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