Famalicão
“Procuram-se abraços” torna Famalicão um exemplo no acolhimento familiar
A Mundos de Vida, instituição social de Lousado, concelho de Famalicão, arranca este mês com a sua campanha “Procuram-se Abraços. Trata-se de uma iniciativa de sensibilização, captação e formação de novas famílias de acolhimento de crianças. Durante dois meses, serão intensificadas iniciativas de promoção deste serviço como out-doors, programas de rádio e acções de sensibilização que decorrerão em vários concelhos dos distritos de Braga e Porto.
Esta campanha que é de captação mas também de sensibilização deu os primeiros passos há 17 anos e deu origem também à Missão Pijama em que todos os anos, no dia 20 de Novembro, milhares de crianças de creches, jardins de infância e escolas do primeiro ciclo de todo o pais vão de pijama para a escola, alertando a sociedade para a importância dos momentos de pijama e em família.
Desde o início que os apresentadores de televisão Sónia Araújo e Jorge Gabriel são padrinhos desta causa da Mundos de Vida. Também nomes como Pedro Abrunhosa, Cifrão, Agir, Dama, Atoa, Calema e Soraia Ramos já se associaram a esta causa adpatando os seus maiores sucessos musicais a esta causa. Trocaram as letras das suas músicas por palavras de afeto, amor, família e esperança e fizeram-nas ouvir em todo o país.
Mundos de Vida forma e acompanha famílias
Quando há 17 anos a Mundos de Vida, de Lousado, no concelho de Famalicão, iniciou a sua valência de Acolhimento Familiar de Crianças e Jovens em Risco, (AF) esta medida era praticamente desconhecida. Na altura, o acolhimento familiar, já há muito contemplado na Lei, resumia-se a algumas famílias acompanhadas pela Segurança Social que, até então, era a única entidade que promovia esta medida.
Foi em Espanha, no decurso de uma ação de formação, que a instituição famalicense ouviu falar pela primeira vez do acolhimento familiar. Já na altura, a Mundos de Vida possuía dois centros de acolhimento (residências) com 22 crianças. Sabendo que não era ali o melhor lugar para aquelas crianças e da importância de crescer numa família, esta IPSS começou a desenvolver a nova valência através de protocolo com a Segurança Social. Desde então, já formou mais de 100 famílias. Celina Cláudio, diretora técnica, revela que “uma das mais valias do nosso serviço é termos famílias com diferentes perfis para acolher cada criança, que tem também uma necessidade específica e características particulares”.
“A nossa equipa, mediante as famílias disponíveis em bolsa, identifica aquela que melhor dará resposta às necessidades dessa criança”, sublinha.
Acolhimento Familiar é diferente de Adoção
O pressuposto do acolhimento familiar é que uma criança permaneça numa família temporariamente, ou seja, apenas o tempo necessário para definir um projeto de vida e concretizá-lo. Preferencialmente, que regresse ao seu meio familiar mas, se tal não for possivel, então, uma família adotiva, pode ser o caminho.
Não existe limite de tempo para o acolhimento familiar. Por princípio, um acolhimento em família deverá ser curto, “até que a família biológica reúna as condições para receber o menor de volta, ou que um outro projecto de vida seja definido”. No caso da adoção, uma família candidata “tem como desejo ter um filho, substituir ou complementar o seu desejo de maternidade”, enquanto a motivação de uma família de acolhimento não é essa, mas sim “ajudar uma criança num determinado momento da sua vida”.
Acompanhamento próximo
As famílias de acolhimento da Mundos de Vida estão sempre acompanhadas. “Eu diria que 24 horas por dia”, diz Celina Cláudio, que sublinha que há sempre disponível uma equipa multidisciplinar para que, em situação de crise, possa ajudar.
O apoio verifica-se aos mais diversos níveis, desde apoio psicológico, até à orientação quanto aos direitos que a família tem, licença parental, apoios sociais à criança, terapias, etc.
Outro “apoio importante” no entender da diretora técnica da Mundos de Vida é a articulação e a mediação com a família de origem. “É pressuposto, nesta medida, que haja contactos entre a criança e a família biológica e a nossa equipa faz aqui a mediação para que as famílias se sintam seguras e apoiadas”.
Um dos receios das famílias de acolhimento é, segundo esta técnica, “como vai ser a reação dos pais biológicos” mas pela experiência adquirida ao longo destes anos, “verificamos que as biológicas, a partir do momento em que conhecem a de acolhimento, vêm um rosto, percebem que o objetivo da família de acolhimento é ajudar e não ficar com o filho”. “Alguma desconfiança que possa exisitir inicialmente vai-se dissipando, quado percebem que estamos ali todos para ajudar”, frisa.
Depois vem a despedida
Quanto à despedida, Celina Cláudio reconhece que é um momento que pode causar preocupação nas famílias acolhedoras mas, como diz “os nossos próprios filhos são filhos do mundo e voam e, é nesta perspectiva, que as famílias de acolhimento encaram a saída da criança da sua casa e, sobretudo, com o sentimento de missão cumprida”. E não tem dúvidas ao afirmar que nas famílias, “após um acolhimento fica sempre a certeza de que o seu papel foi cumprido e, com certeza, fez a diferença na vida daquela criança”.
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