Famalicão
“Os famalicenses ficarão orgulhosos e os forasteiros ficarão fãs das Antoninas”
Arrancam hoje, 7 de junho, as Festas Antoninas de Famalicão. Até ao dia 13 a animação na cidade está garantida. Em entrevista ao OPINIÃO PÚBLICA, o presidente da Câmara Municipal, Mário Passos, apresenta as Festas como sendo as maiores de sempre e sublinha que o seu programa quer valorizar o facto desta romaria ter sido considerada Património Imaterial Cultural Nacional.
OPINIÃO PÚBLICA: Vão ser as melhores Antoninas de sempre. A frase é sua…
Mário Passos: Sim. É o que me parece que vai acontecer, até porque há uma linha de tendência, que já vinha a acontecer. O ano passado foi um bom exemplo, porque apesar dos constrangimentos da pandemia e das obras na cidade, tivemos dezenas de milhares de pessoas na cidade.
Este ano, com a pandemia para trás e as obras concluídas, e pelo facto destas festas terem sido classificadas Património Imaterial Cultural Nacional, tínhamos que desenvolver mais esforços no sentido de serem maiores. O cartaz das festas é um bom exemplo do que queremos alcançar. Um cartaz de referência nacional, que é falado em todo o lado, projetando, desta forma, Famalicão.
Aqui gostamos muito das Festas, dos Santos Populares, e isso nota-se nas ruas. Por isso, podemos afirmar que estas vão ser as melhores e maiores Festas Antoninas de sempre.Há aqui, no entanto, uma variável que tem a ver, não com o Santo António, mas com o S. Pedro, que são as condições climatéricas, o que pode condicionar sempre.
O orçamento destas festas é uma questão incontornável, já que estamos a falar de quase de 700 mil euros. O que é que levou a estes números?
O orçamento é maior porque fizemos apostas. Desde logo, uma variável que não controlámos, que é a subida natural dos preços, a inflação, o que significa preços mais elevados de uma forma geral e estamos a falar de dezenas de milhares de euros.
Depois, claro que o cartaz é mais caro. Subimos o valor para as Marchas Antoninas. Já estamos num patamar muito elevado das Marchas, mas para que possam evoluir precisámos de mais recursos. Por outro lado, serão mais dias de festas. Habitualmente eram quatro e passamos para sete dias com 40 atividades que vamos desenvolver. A iluminação também foi acrescentada, com mais ruas… Tudo isto somado dá mais algumas dezenas de milhares de euros.
Mas o valor do investimento é muito inferior ao valor do retorno económico e social que Famalicão vai ter. Não tenho nenhuma dúvida.
É o tal orçamento para fazer justiça ao facto das festas serem Património Imaterial Cultural Nacional?
Essa distinção traz-nos responsabilidades. E por via dela virão mais pessoas a Famalicão. E essas pessoas que nos visitam, para além dos famalicenses, vão ficar com um sentimento muito positivo. Não só acerca da Festas Antoninas, mas também da capacidade das suas gentes e associações, que estão muito envolvidas no sucesso do que se passa em Famalicão, que vai ser muito projetado. Obviamente que temos que ser proporcionais também a esta distinção, fazendo mais e melhor, o que é o caso.
Outro fator que pesa bastante no orçamento, é o cartaz musical. Só para os três principais concertos são 188 mil euros…
Isso mesmo. Tentamos escolher músicos que fossem de encontro às várias gerações. Por exemplo, escolhemos o T-Rex porque auscultamos um conjunto de jovens para que soubéssemos exatamente qual o seu sentimento em relação a um concerto que gostassem de ver nas Antoninas. No caso do Maninho é a mesma coisa e é mais dirigido aos jovens. No caso dos Xutos e Pontapés, quando me perguntaram eu referi que esta banda é uma referência para a minha geração. Não deixa de ser um concerto para a meia idade, mas também sei que há muitos jovens que apreciam. É uma boa oportunidade, com este e outros concertos, para, neste ano de 2023, possamos projetar Famalicão.
O orçamento para as Marchas Antoninas também aumentou, quer no valor da participação, quer no valor dos prémios. Pretende-se marchas com cada vez mais qualidade?
Para as associações fazerem melhor tivemos que reforçar o apoio. Sou um curioso e sei que os ensaios já decorrem há muito tempo e sei que temos muita qualidade. Temos também mais uma marcha do que no ano passado…
Esperava mais marchas participantes?
Isto está a contagiar. Para o próximo ano poderemos ter mais porque estamos, cada vez mais, contagiados. Se a festa for maior ainda nos vamos sentir mais comprometidos, mais associações vão aderir e a festa continuará a crescer. No que respeita às marchas, o dia 12 será um ponto muito alto e estou em crer que terá a qualidade que estamos habituados e, se possível, ainda mais. Na verdade, essa qualidade já está tão elevada que não será fácil superar. Mas a ideia é haver este espírito de superação e termos a consciência de fazermos mais e melhor.
Assim, estou certo que as oito Marchas participantes vão querer fazer muito melhor do que o que fizeram o ano passado e estou certo que será um momento esplêndido.
A noite das Marchas é, sem dúvida, aquela que mais pessoas traz às ruas de Famalicão. O que é que os famalicenses podem esperar das marchas deste ano?
Este ano o tema é “Gentes da Lavoura” e pelo que tenho percebido vão ser marchas ricas em conteúdo e história. É um tema generalista e que nos diz muito sob o ponto de vista das nossas raízes e origens aqui do Norte de Portugal. Vamos, com certeza, ter momentos interessantes, vamos divertir-nos imenso, vai haver muita alegria associada… Mas não é só nas Marchas, porque depois temos os divertimentos para os mais jovens, dos quais eu também gosto muito e vou ver se ando, vou saltar nas fogueiras, comer a sardinha assada, o manjerico que também faz parte desta tradição… Temos todos os ingredientes para que possamos dizer, no final, que foram as maiores festas Antoninas de sempre.
De resto, acredita que as Antoninas podem potenciar o turismo no concelho….
Sim. Tudo o que fazemos também tem esse objetivo que é conseguirmos, com as nossas iniciativas, trazermos visitantes. Desde logo, porque projeta Famalicão, e desde logo, dinamiza a economia local. Aliás, estou certo que a economia local vai ser muito beneficiada com a presença de dezenas de milhares de pessoas na cidade todos os dias. Trata-se de consumo de proximidade em diversos setores, tal como já aconteceu na Festa da Flor. Devo confessar que não estava à espera que este processo fosse tão rápido, ou seja, que as dinâmicas que fazemos no centro da cidade, conseguissem trazer já tanta gente de fora. No Mercado da Vila, que tem atividades todos os fins de semana, disseram-me que temos tido a visita de muitos espanhóis, de muita gente do Porto, Aveiro, Coimbra… Portanto, as pessoas começam a vir naturalmente a Famalicão porque sabem que aqui se está bem e há sempre atividades que animam a cidade. Sente-se uma harmonia entre o centro da cidade renovado, o Mercado Municipal, o Parque da Devesa.
Precisamente há um ano dizia-me que as Festas Antoninas ainda não seriam em pleno porque, na altura, as obras na cidade não estavam concluídas. Este ano esta questão não se coloca. Esta festa e a forma como está organizada, pretende dar visibilidade à intervenção feita no núcleo urbano e potenciá-la?
Sim. Como já tenho dito muitas vezes, com este espaço podemos fazer o que não podíamos e não fazíamos no passado. Tínhamos um formato de cidade muito diferente. Com esta obra eu chamo à cidade uma plataforma de intervenção cultural porque nós podemos fazer qualquer coisa e o local onde vão decorrer os concertos, que no passado era um parque de estacionamento, é a prova disso. Aqui podemos acolher cerca de 20 mil pessoas para os grandes concertos que temos, mas também é uma zona de água e transformou-se numa zona de restauração organizada para as festas. Esta intervenção permite-nos ajustar os layouts das iniciativas, coisa que não podíamos fazer no passado.
Com a nova cidade há outra organização e dou exemplo das tendas na Praça D. Maria II que adquirimos para a zona de restauração, porque não queremos aquelas lonas espalhadas, aleatórias… Há uma organização e exigência diferente sob o ponto de vista estético e arquitetónico. O facto de termos tudo organizado e bonito faz com que o ambiente seja propício à visita e estadia das pessoas.
Enquanto famalicense que sabe bem o que é que significa Festas Antoninas, gosta de romaria, da sardinha assada e do manjerico?
Gosto muito. Se estivessem aqui a assar sardinhas já comia uma (risos). Gosto muito de vir com a família, comer a sardinha, falar com as pessoas, interagir e viver este ambiente dos Santos Populares que gosto imenso. Temos diversas dimensões, desde a religiosa, desportiva, cultual, popular.
Eu gosto tanto que também vou às outras festas do concelho, mas o Santo António tem outra dimensão e é o nosso padroeiro. Gosto das marchas, de saltar na fogueira, do manjerico, dos divertimentos…
Um dia destes temos o presidente a participar numa marcha…
(Risos) Pois… Não tenho grande jeito para dançar e cantar, mas também se aprende.
Para terminar, que mensagem quer deixar aos famalicenses a propósito destas Festas?
Pelo programa é fácil percecionar que as Festas Antoninas de Vila Nova de Famalicão serão claramente as maiores de sempre. Só por isto já valeria a pena vir a Famalicão participar nas Festas. Os famalicenses sentir-se-ão, certamente, muito orgulhosos das suas festas e, por isso, peço-vos que venham, que participem, porque com certeza serão um contributo para atenuar as dificuldades e os constrangimentos que a vida nos traz. Acredito que as Antoninas podem ajudar a ultrapassar esses momentos mais difíceis.
Vale a pena vir a Famalicão, porque não se irão arrepender, pelo contrário. Os famalicenses ficarão orgulhosos e os forasteiros ficarão fãs.
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