Famalicão
ENTREVISTA: “A nossa fasquia mínima é aumentar o número de votos”
Depois de dois mandatos como deputado na Assembleia Municipal, Paulo Costa, 55 anos, funcionário judicial, candidata-se agora à Câmara Municipal pelo Bloco de Esquerda. Assume a habitação, a mobilidade e os transportes como grandes bandeiras eleitorais e defende a criação de uma rede municipal de creches no concelho.
OPINIÃO PÚBLICA: Na apresentação da sua candidatura disse que o BE vai defender “um concelho mais justo, inclusivo e solidário”. Famalicão não o tem sido?
Paulo Costa: Não é que não tenha sido ou não esteja a ser. As políticas socias da autarquia, de alguma forma, trazem benefícios para a comunidade famalicense, principalmente para aquela que se poderá encontrar mais debilitada. Acho é que se pode fazer mais. Há franjas da comunidade menos capazes de reivindicar.
O que é preciso fazer?
O apoio que é dado a instituições de cariz social e às juntas é importante porque estas permitem uma proximidade e um conhecimento concreto das carências, mas também é possível criar mecanismos autárquicos. A criação de uma rede de creches, que cubra todas as crianças residentes no concelho ou que vêm com os pais que aqui trabalham, é um exemplo. Uma rede bem montada e com recursos permitiria atuar muito nesse Famalicão inclusivo e justo que nós defendemos.
Como foi ou está a ser preparado o programa eleitoral?
Ainda não está finalizado, mas as nossas propostas não diferem muito das de há quatro anos. Por exemplo, as redes de água e saneamento ainda é um processo que não está concluído e, desde que há Bloco em Famalicão, que insistimos que isso é um valor essencial de uma comunidade.
A habitação e os transportes também então entre as vossas prioridades…
Sim e, aí, nitidamente, a autarquia não fez o suficiente. São dois segmentos onde não é preciso andarmos muito na rua, a ouvir as pessoas, para verificar que elas sentem que há carências. O custo da habitação é insuportável para um número significativo de famalicenses, principalmente jovens em início de trabalho ou que queiram constituir família. A autarquia tem o apoio à renda, mas são valores muito insignificantes e que não permitem amortizar esta carência de habitação. Penso que autarquia pode ter uma atuação no estímulo ao corporativismo e na aquisição e construção de habitações para vender ou arrendar a custos controlados.
E ao nível dos transportes e mobilidade, o que defendem?
Primeiro, é preciso alterar o registo em que nos deslocamos, começando a privilegiar o transporte público, não poluente ou o menos poluente possível. Uma autarquia tem que ter esse tipo de visão e criar uma rede, o mais eficiente possível, em termos de satisfação das necessidades da população.
Mas isso não estará, também, sempre dependente dos operadores privados?
Não necessariamente. A própria autarquia pode investir em pequenos autocarros, movidos a energia mais simpática para o ambiente, e criar, em articulação com as juntas de freguesia, circuitos de transporte que sirvam pequenas comunidade e fatias da população com mais dificuldades de mobilidade.
O BE nunca elegeu um vereador para a Câmara de Famalicão. Quais os objetivos para estas eleições?
Como qualquer força política, queremos melhorar o resultado anterior. Será uma derrota para o BE não crescer face à eleição de há quatro anos. Se conseguirmos eleger mais deputados para a Assembleia Municipal e, eventualmente, um vereador, o Bloco vai sentir-se vitorioso no dia 26 de setembro. Mas a nossa fasquia mínima é aumentar o número de votos.
Que diferença faria um reforço de eleitos do BE e, em concreto, de um vereador?
É bater-se por algumas destas questões que temos vindo a falar: alteração na forma das pessoas se transportar, melhoria nas suas condições de habitação, uma rede de creches municipal tendencialmente gratuita. Lutaremos por uma comunidade mais confortável, mais justa e mais socialmente homogénea. Por exemplo, a Câmara utiliza como fator atrativo de empresas as isenções fiscais, mas os empresários têm que perceber que, por muitas contrariedades que tenham, são entidades relativamente privilegiadas no meio da comunidade. Acho, por isso, que a derrama em Famalicão deveria ir para o máximo. Os singulares pagam praticamente o máximo e acho que as entidades coletivas também deveriam faze-lo. E isso não afastaria os empresários, se encontrassem no território boas infraestruturas e mão de obra qualificada, e acho que neste aspeto a autarquia até tem feito um bom trabalho ao nível da formação profissional.
O que pensa do surgimento das candidaturas de novas forças políticas nestas eleições? Poderão baralhar os resultados?
Sim, cada uma vai à procura do seu espaço. São três forças novas que vão concorrer em Famalicão e vai haver um cenário um pouco diferente daquilo que foi registado há quatro anos. Agora, se terão potencialidade suficiente para eleger deputados municipais, só os eleitores o poderão dizer.
Este ano, o BE não concorre em Riba d’Ave. É uma perda para o partido?
Não elegemos nas ultimas autárquicas nenhum membro para a Assembleia de Freguesia, mas era um núcleo onde tínhamos ativistas empenhados e não deixa de ser um revés para o Bloco algumas dessas pessoas terem-se afastado do partido. Mas para nós, só faz sentido concorrer a uma comunidade se há pessoas nessa comunidade com interesse e vontade de intervir. Se não há esse núcleo de pessoas, não faz sentido o Bloco concorrer. Não somos daqueles que concorrem com pessoas de fora.
O que vão privilegiar na campanha eleitoral? A pandemia veio dificultar? Temos a expectativa de fazer algumas iniciativas de rua, porque é sempre importante esse contato com as populações, como forma de as auscultar e de divulgar as nossas propostas. De qualquer forma, vamos privilegiar as formas de comunicação à distância, nomeadamente as redes sociais, porque as limitações ainda são muitas. É algo que estamos a analisar, acompanhando também o evoluir da situação, sendo que o nosso programa de ações ainda não está fechado.
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