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Riba d’Ave: Misericórdia fecha unidade de dia para utentes com demência por falta de acordo com o Estado

A Santa Casa da Misericórdia de Riba d’Ave fechou, esta segunda-feira, a Unidade de Dia e Promoção da Autonomia do CIDIFAD, um centro dedicado às demências, porque continua à espera dos acordos com o Estado, deixando os utentes que frequentam a valência sem retaguarda.
É o caso de Jerónimo Araújo, um idoso de 74 anos com diagnóstico de demência por corpos de Lewy. O seu filho, Filipe Araújo, considera que a situação é de “enorme gravidade”, que vai afetar as famílias, e denunciou o caso através de comunicado enviado à redação do OPINIÃO PÚBLICA.
Filipe Araújo explica que o seu pai recebia, naquela unidade, “terapias e acompanhamento essenciais à sua saúde e dignidade” e que foi informado da decisão de fechar, por telefone, no dia 7 de agosto. “Esta decisão, comunicada com menos de um mês de antecedência e sem qualquer documento formal, significa que o meu pai ficará sem terapias, sem acompanhamento e sem resposta social, o que equivale a um verdadeiro abandono de idosos dependentes, em total desrespeito pelos direitos humanos e pela dignidade da pessoa idosa”, afirma.
Filipe Araújo diz ainda que já apresentou reclamação oficial através do Livro de Reclamações Eletrónico e também à Provedoria de Justiça, sublinhando que “idosos vulneráveis vão ficar em casa, sem qualquer apoio, porque uma instituição decidiu encerrar uma resposta social essencial sem alternativas garantidas”.
Contactado pelo OPINIÃO PÚBLICA, o diretor clínico do CIDIFAD, Salazar Coimbra, refere que a instituição tinha a expectativa que os acordos com o Estado abrissem a 1 de setembro, pelo que, no início de agosto, informou as famílias dos os utentes – que segundo o responsável serão três ou quatro – que teriam de sair para dar início formal ao processo. “A verdade é que continuamos à espera que a regulamentação seja publicada e os acordos com o Estado sejam efetivados. Pensávamos que seria a 1 de setembro, mas não foi, mas creio que está tudo encaminhado para que seja em breve, porque ainda na semana passada foi feita a visita técnica”, diz Salazar Coimbra.
Inaugurada em dezembro pela ministra da Saúde
Não deixa, contudo, de ser curioso que, apesar desta valência do CIDIFAD ainda não estar protocolada com o Estado, foi inaugurada, em dezembro do ano passado, pela ministra da Saúde Ana Paula Martins, que se deslocou a Riba d’Ave. Na altura, Salazar Coimbra salientou que esta Unidade de Dia, com capacidade para receber até 30 utentes, era “aquela que melhor serve a população e as pessoas com demência” porque trata-se de uma valência em tudo semelhante a um centro de dia, mas especializada em acolher pessoas com estas patologias.
De resto a unidade já estava pronta há dois anos e desde essa altura que foi acolhendo alguns utentes, mas de forma autónoma, sem contratos com o Ministério da Saúde. “Sempre informamos as famílias que logo que tivéssemos esse acordo, os utentes teriam que sair, para que o processo formal de admissões fosse iniciado. A verdade é que a situação foi-se protelando no tempo, sempre à espera do acordo. Estávamos certos que seria agora… vamos ver”, conclui Salazar Coimbra.
O diretor clínico reconhece que a situação cria constrangimentos às famílias dos “poucos utentes” que frequentavam a unidade, mas garante que o CIDIFAD e a Misericórdia de Riba d’Ave tudo farão para que sejam readmitidos quando os processos de candidaturas forem abertos.

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