Economia
Já começaram as vindimas no concelho. Falta de mão de obra preocupa a Frutivinhos
Já começaram há duas semanas, um pouco por todo o concelho de Famalicão, as vindimas.
A Frutivinhos – Cooperativa Agrícola de VN de Famalicão, que representa uma grande parte dos produtores de uvas no concelho, tem excelentes expectativas em relação à campanha deste ano. “Esperamos boas uvas, com bom grau, mas menor quantidade”, sublinha Alberto Carvalho, o presidente.
A menor quantidade em comparação com o ano passado é resultado das condições climatéricas, que levou a um desavinho. O desavinho é um acidente fisiológico que se carateriza pela ausência de fecundação das flores, o que leva a que estas não se transformem em fruto. Desta forma, os cachos formados apresentam-se anormalmente frouxos e com poucos bagos.
A Frutivinhos, uma cooperativa sem fins lucrativos, constituída em 1960, que tem como objetivo a transformação, conservação e venda de produtos agrícolas provenientes dos seus cooperadores, representa cerca de 700 associados, divididos pela secção de fruta e hortícolas e a do vinho.
Neste momento, uma das maiores preocupações da cooperativa agrícola é a falta de mão de obra para as vindimas, o que tem colocado em causa a continuação da produção em algumas quintas. Neste sentido, tem aconselhado os sócios com maior dimensão a reciclar as vinhas, de forma a conseguir fazer a colheita através de mecanização. “Na região já começa a haver algumas máquinas de vindima que vão resolver o problema da mão de obra”, adianta Alberto Carvalho.
A maior parte dos sócios da Frutivinhos tem pequenas explorações e dos 700 associados apenas 100 entregam uvas com periodicidade. “Isto depois do saneamento financeiro que fizemos há seis anos”, frisa o presidente, que recorda que o ano passado foi entregue uma média de 600 toneladas de uvas, sendo que a expetativa para este ano é que “suba um bocadinho”.
Frutivinhos vive nova fase
Conhecedor profundo da realidade da cooperativa famalicense, Alberto Carvalho tomou conta da Frutivinhos há sete anos, num momento em que a situação financeira “era muito complicada”.
Mas, para além de recuperar a cooperativa financeiramente, outros passos foram dados, nomeadamente, a mudança para uma nova sede, o que aconteceu no início de setembro. A propriedade, com cerca de 1.500 m2 e sob alçada municipal, encontra-se na Rua D. Sancho I, em Calendário, e foi cedida a título gratuito à cooperativa famalicense por um período de 71 anos.
Neste novo espaço não há vinificação, até porque, no entender do presidente da cooperativa, “as pequenas adegas não têm razão de ter sistemas para a produção do vinho”, até porque acarreta um largo investimento. Assim, em Famalicão existe uma parceria com a Cooperativa Terras de Felgueiras para onde vão as uvas famalicenses. “Temos lá reservatórios próprios onde fica o nosso vinho, ou nosso mosto e uma grande parte vendemos à União das Adegas dos Vinhos Verdes”. É desta forma, tal como avança Alberto Carvalho, que a Frutivinhos consegue uma maior solidez financeira para pagar “a tempo e horas” aos seus associados, o que significa pagar até ao final do ano.
A nova sede, que está já a funcionar, deverá ser inaugurada oficialmente em março do próximo ano.
Vinhos famalicenses premiados mas não reconhecidos em casa
O mês de setembro começou com excelentes notícias para a produção famalicense. O vinho verde D. Sancho I recebeu a medalha de “recomendado” num concurso internacional de vinhos.
Para Alberto Carvalho esta é mais uma prova, não sendo a única, que o vinho produzido nas terras do concelho “está cada vez melhor”, desde logo pela matéria prima, a uva, que tem melhorado de qualidade. Mas nem tudo são boas notícias: o consumo de vinho desceu exponencialmente duma forma geral e no concelho de Famalicão “não há bairrismo e não há convicção pelos produtos do concelho”.
“É lamentável que até os restaurantes de referência em Famalicão não tenham vinhos da terra”, desabafa o responsável, para quem o facto de haver vinhos sem rótulo na restauração “é grave”.
Os vinhos famalicenses estão representados na maioria dos supermercados do concelho, mas na restauração, “uma enorme porta de entrada”, isso não acontece. “Já ando nesta luta há sete anos e peço aos famalicenses que consumam produtos locais”, frisa Alberto Carvalho, para quem se trata também de sustentabilidade ambiental.
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