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Famalicão

No CHMA o outubro é rosa para sensibilizar e desmistificar o cancro da mama

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Outubro Rosa”. Trata-se de um conjunto de iniciativas com o principal objetivo de sensibilizar as mulheres, os homens, os clínicos e a população para um problema que existe e que faz parte da realidade de muitas famílias: o cancro de mama. E é preciso sensibilizar.

As pessoas não são números, mas os números são claros: em Portugal, com uma população feminina de 5 milhões, foram diagnosticados, em 2020, cerca de 7.000 novos casos de cancro da mama e 1.800 mulheres morreram com esta doença. Uma em cada 11 mulheres em Portugal irá ter cancro da mama ao longo da sua vida e o cancro da mama é o que tem maior taxa de incidência em Portugal.

Em Famalicão, os dados acompanham os nacionais e também aqui a pandemia da Covid 19 mudou a ordem das coisas. Houve menos exames, fator que impediu de rastrear a doença.

Os números tornaram-se enganadores, tal como revela um estudo feito nos últimos meses pela coordenadora da Clinica da Mama do CHMA, que trata 100 doentes por ano.

“Decidi, quando assumi o cargo há uns meses, ver como é que tinham corrido as coisas nos últimos anos, até para perceber o que podia esperar no futuro”, explica Luísa Reis ao OPINIÃO PÚBLICA, que fez o levantamento dos doentes da sua consulta. Com estes dados verificou que a pandemia reduziu drasticamente as primeiras consultas, mas que nos meses seguintes os números voltaram ao que é considerado normal. “Claro que agora sentimos um aumento significativo, tanto em Famalicão, como em Santo Tirso. Há muitos doentes que não fizeram o rastreio e que depois de o fazerem perceberam que estavam doentes”.

Luísa Reis, coordenadora da Clínica da Mama do CHMA

A médica sublinha, contudo, que mesmo este levantamento feito por si está longe dos números reais. Para além das que não fizeram o rastreio promovido pela Liga Portuguesa Contra o Cancro, e que é dirigido a mulheres com mais de 50 anos, existem também as consultas que não foram realizadas nos médicos de família. Esta causalidade/efeito levou a que, ultimamente, o número de mulheres mais jovens com cancro de mama tivesse também aumentado. “As doentes mais jovens não realizaram exames quando notaram alguma coisa, e agora temos casos de doentes novas com cancros agressivos e com muita evolução”.

Assim, Luísa Reis recorda, especialmente às mulheres mais jovens, que devem fazer o autoexame da mama, todos os meses depois do período menstrual, conhecer o seu corpo de modo a perceber as mudanças e recorrer ao seu médico de família “sem esperas”, caso surja alguma alteração.

É importante desmistificar”

No mês de outubro há duas datas importantes: a 15 de outubro assinala-se o Dia Mundial da Saúde da Mama e a 30 de outubro o Dia Nacional de Luta Contra o Cancro da Mama. Em todo o mundo este mês “de onda rosa” é marcado por diversas iniciativas.

No CHMA, em Famalicão e Santo Tirso, as ações são desenvolvidas pelo serviço de Oncologia e pela Clinica da Mama.

Tudo o que se faz tem um objetivo maior: sensibilizar toda a comunidade para a importância de rastrear, de agir perante o nódulo, “algo que angustia muito as mulheres” a procurar ajuda.

Marta Novais , diretora do serviço de Oncologia

Consciente da importância de um trabalho de proximidade, a diretora do serviço de oncologia sublinha que no CHMA a doente é acompanhada, desde a suspeita até ao tratamento, por uma equipa multidisciplinar. “Todos os doentes são avaliados por uma equipa de médicos, oncologistas, cirurgiões, ginecologistas”, frisa Marta Novais. Desde 2009, sublinha, existe um protocolo com o Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto, onde os doentes que queriam podem ir lá a uma consulta. Por outro lado, todas as decisões tomadas no CHMA são partilhadas com os clínicos do IPO “de forma a dar mais consistência ao tratamento”. “Os doentes são encaminhados para lá, quando precisam de terapêuticas que não tenhamos cá”, explica a responsável, que pretende “transmitir segurança ao doente”. “É tratado num local mais próximo da sua área de residência, o que lhe dá mais conforto, e com a mesma garantia de um tratamento adequado, como é no caso do CHMA”, nota Marta Novais.

Quando se trata de cancro, da postura certa e do que se espera de cada um, seja doente ou não, a palavra sensibilização surge quase sempre. Mas, com o avançar da medicina e da eficácia nos tratamentos, há uma mudança de paradigma. Cada vez mais os que lidam todos os dias com a doença preferem adotar a palavra desmistificar.

“Ainda vemos muitas mulheres que notam que têm um nódulo e com medo do que daí pode resultar, deixam as coisas avançarem e não querem saber”. Precisamente, tendo em conta esta experiência, “que se repete muitas vezes”, a médica quer mostrar às mulheres que, cada vez mais, os prognósticos são melhores. “Se o cancro for diagnosticado numa fase precoce a taxa de sobrevivência é elevada e a possibilidade de cura é enorme”, frisa Marta Novais, que defende que ao falar-se da doença, mas também das soluções, as pessoas procurarão, com mais rapidez, o melhor caminho.

Dar atenção é também cuidar

Cátia Lopes é enfermeira no CHMA e o seu trabalho diário é cuidar, na Clinica da Mama, de mulheres fragilizadas pela doença. 

Cátia Lopes, enfermeira

São vividos momentos de grande ansiedade, solidão e de muitos desafios. Isto sem nunca perder a esperança.

Esse é um dos segredos para a enfermeira que sublinha que se trata de um trabalho que envolve muitos sentimentos “à flor da pele”.

“Mesmo quando é feito um diagnóstico de uma patologia benigna, a senhora fica ansiosa, inquieta. Mas quando se trata de algo maligno os contornos são ainda mais difíceis”. Tendo em conta este cenário, o trabalho de Cátia Lopes é fazer um acompanhamento próximo no diagnóstico e no internamento “onde tento transmitir confiança e tranquilidade”. “As senhoras não estão sós, fazem parte de uma família, têm uma história”, sublinha a enfermeira, que escolhe bem as palavras para classificar a sua tarefa. “Não é difícil, é complexo. Devemos encarar como um desafio, de forma a dar esperança, ânimo, alegria, confiança, tranquilidade…”. Em tom de mensagem a todas as que passam pela doença, Cátia socorre-se do ditado popular e diz que “a esperança é a última coisa a morrer”.

E é de esperança que é feito o trabalho da Associação de Voluntariado Hospitalar de Famalicão, que colabora com os serviços de oncologia do CHMA para a realização da Caminhada Rosa, a 30 de outubro.

José Luís Carneiro

Mas este é um trabalho sem dia marcado para a associação, que acompanha e ajuda as doentes durante todo o ano com a doação de material de tratamento. “Fazemos a oferta da primeira prótese mamária a todas as doentes e, se houver necessidade, nomeadamente a mulheres carenciadas, oferecemos a segunda “, explica o enfermeiro José Luís Carneiro, da associação, que adianta que este ano o número de próteses oferecidas aumentou, apesar da pandemia ter provocado um corte de 70% nas receitas, que advêm, exclusivamente, da boa vontade de diversos parceiros,

“Neste tempo pandémico temos conseguido algum dinheiro com a consignação do IRS dos nossos funcionários (CHMA). Pedimos ajuda às empresas e temos as quotas dos 200 sócios voluntários, bem como alguns donativos”. Por outro lado, os que puderem ajudar podem fazê-lo na loja da Associação, localizada no átrio principal do Hospital.

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