Famalicão
Expansão industrial
Estamos numa fase extremamente delicada do clima. A COP26 ainda se encontra reunida em Glasgow, na Escócia, a tentar dar corpo a medidas que aproveitem a última oportunidade para salvar o Planeta. Claro que podemos acreditar ou não que o ser humano corre sérios riscos. De uma coisa temos a certeza: os interesses económicos não se compadecem (ou perturbam-se pouco) com as razões na natureza e os problemas climáticos!
Numa altura em que um pouco por todo o mundo – sempre com o premente “alerta” do Secretário Geral das Nações Unidas, o português António Guterres – inúmeras organizações civis, nomeadamente jovens, se concentram em manifestações com pedidos aos governantes para salvarem o Planeta, os poderosos negacionistas continuam as explorações das capacidades dos solos e do mar sem nenhuma contemplação com esta tragédia mais que anunciada – que vai dando mostras da sua força em cada continente!
Na mesma altura em que todos os cientistas pedem para a salvação e implementação do plantio das florestas e de árvores por todo o lado quanto seja possível, uma boa parte dos nossos concelhos (e o de Famalicão não foge à regra) continuam a desflorestar significativas áreas florestais, quer com o tipo de árvores que plantam para rendimento, quer com a devastação pura e simples para a implantação ou alargamento de zonas industriais e, ou urbanas.
Pelos finais de junho último o nosso Município aprovou, e anunciou, a “criação” de uma nova marca “IN PARQUES”, ver OP nº 1513, com o objetivo anunciado de promover as áreas empresariais para que estas agregassem os novos empresários.
Opinando sobre o mesmo tema e sob o título “Zona Industrial”, escrevi no OP 1514, lembrando um conjunto de “instrumentos” legais e que era preciso ter em conta, sempre, a “qualidade de vida dos cidadãos, e o seu desenvolvimento social, económico e cultural”.
Recentemente, a câmara em “Newsletter” e a comunicação social deram relevo que iriam “nascer a norte e a sul do concelho” duas novas zonas de expansão empresarial!
Coloca-se, desde logo, uma questão: o “IN PARQUES” contempla estas expansões?
Eu lembro o seguinte: a desflorestação da mata de Ancede/Esmeris/Calendário, incluindo Santa Catarina em Lousado/Cabeçudos, começou há muitos anos atrás, ainda eu trabalhava em Ílhavo e fui assistindo à dita pela viagem de comboio, na presidência de Armindo Costa. Já em Jesufrei, Arnoso e Lemenhe, com maior incidência a partir da Senhora do Carmo, também começou lá atrás e, a nova zona de expansão, passou a ter lugar mais recentemente, sobretudo, com uma grande movimentação de terras onde agora o município diz que “vai criar uma nova de expansão empresarial! Por várias vezes escrevi e expus na AM sobre estes “atentados à arborização do concelho”, até quando se discutiu e aprovou a última ou penúltima alteração ao PDM.
Num e noutro lados estão em curso, apenas, interesses económicos e a edilidade vai “atrás deles” prontificando-se a servir-lhes em bandeja de prata (ou ouro, talvez) as infraestruturas básicas e viárias, como que resolvendo “ab initio” os problemas de acesso que certas indústrias (veja-se a Continental Mabor) carecem há cerca de 20 anos. Na zona de Ancede, junto ao caminho de ferro, já se fez há muitos um pequeno ramal ferroviário que servia um estaleiro de inertes, desde a areia mais fina ao cascalho maior, permanecendo agora um terminal ou entreposto das madeiras “arrancadas” às nossas florestações locais, regionais e, até, estrangeiras. É o vale tudo…
A lógica é: o imobiliário – via paralela que vários industriais de outros ramos passaram a percorrer, dita as suas regras e interesses e não há controlo que resista…
Pobre país que tais concelhos e políticas públicas tem, apesar de algumas medidas, um poucochinho por todo o território, para assumir responsabilidades inadiáveis para fazer face ao sobreaquecimento do Planeta, pondo em risco milhares de seres humanos.
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