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Famalicão assinalou o 25 de Novembro como uma data para relembrar e ensinar aos mais novos

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O 25 de Novembro significou a consolidação da democracia em Portugal e é uma data que deve ser relembrada e ensinada aos mais novos. Esta foi a principal ideia deixada na sessão solene da Assembleia Municipal de Famalicão, esta segunda-feira, que pela primeira vez assinalou o 25 de Novembro de 1975.

Além de deputados, vereadores e autarcas de freguesia, a sessão contou com a presença de entidades civis, como bombeiros e forças de segurança, assim como antigos presidentes da Câmara e da Assembleia Municipal. Presente esteve também um grupo alunos famalicenses e foi para eles que o presidente da Assembleia Municipal, João Nascimento, dirigiu uma grande parte do seu discurso porque entende que que há um dever para com estes jovens de “informar precatar para o perigo da inação, desinformação ou da doutrinação”.

João Nascimento, que é militante do CDS, lamentou que o 25 de novembro de 1975, “sendo uma das datas mais relevantes da história de Portugal”, passa ainda “muitas vezes despercebido aos programas disciplinares das escolas”. “Se os conteúdos programáticos abordam – e muito bem – temas como o 25 de Abril, o fim do Estado Novo, o Movimento das Forças Armadas ou a aprovação da Constituição de 76, é incompreensível, é inadmissível, que não se aborde a data de 25 de Novembro de 75 como o culminar da situação insustentável daquele “verão quente”, acrescentou o presidente da AM, considerando que isso “é resultado de uma doutrina, que nós, democratas, não aceitamos”.  E nesse sentido, exortou os jovens a procurarem saber mais, a consultar os livros.    

Já o presidente da Câmara de Famalicão, que abriu a sessão, disse que é “justo e merecido” reconhecer o 25 de Novembro “como uma das datas mais significativas para o Portugal democrático, nascido da Revolução dos Cravos, e consolidado nos valores de liberdade, igualdade e cidadania para todos”, recordando o papel que Famalicão e os famalicenses tiveram na oposição à ditadura e na construção da democracia em Portugal. 

Mário Passos falou também do futuro, que apresenta “desafios maiores e mais complexos”, pelo que “é premente olhar para o futuro com ambição e compromisso para que as conquistas de hoje sejam a base de um futuro mais sustentável”. O edil disse ainda que Famalicão tem sabido “responder às exigências dos tempos atuais, construindo um município moderno e ambicioso, que sabe acolher quem quer vir viver para Famalicão, independentemente de onde vêm, da cor ou da religião”, e apontou as alterações climáticas como “o maior desafio”. 

Divisões e recados entre direita e esquerda

Numa cerimónia com um figurino muito semelhante à do 25 de Abril, mas sem os habituais cravos vermelhos, nota, desde logo, para a ausência da CDU, que sempre se opôs a esta celebração. Quantos às restantes forças políticas representadas na AM , todas foram unânimes em reconhecer a importância de assinalar a data, embora com diferentes interpretações à direita e à esquerda.

Álvaro Oliveira, militante histórico do PSD de Famalicão, depois de evocar as figuras de Mário Soares, Freitas do Amaral e Sá Carneiro como “verdadeiros defensores do Estado de Direito Democrático”, defendeu que o 25 de Novembro não se pode esquecer e deve ser dado a conhecer aos mais jovens, no entanto, alertou que não se deve fazer desta data “um fator de divisão dos portugueses”. “Os populismos de direita radical e de extrema-esquerda vivem e florescem em situações de crise social e, tal como há 49 anos atrás, é necessário que a moderação se imponha perante fundamentalisnos exacerbados”, defendeu.

Pelo PS, falou a deputada municipal Elisa Costa que assinalou a importância da data e destacou o contributo do Partido Socialista e de Mário Soares na construção do Portugal livre e democrático, mas também abordou os desafios atuais, afirmando que “o movimento e a coragem demonstrada pelos heróis do 25 de Novembro não pode desaparecer às mãos do populismo”. Afirmando que  “em 10 de março de 2024, 1 milhão e 700 mil pessoas deixaram de confiar na democracia e deixaram o seu voto a forças que se apropriarem dos seus temores para formar um exército que, cedendo à insegurança, reforça o radicalismo”, a deputada alertou para o perigo “da apatia política e os riscos do autoritarismo”. 

Do CDS destacou-se a intervenção da jovem Joana Fernandes que vê o 25 de Novembro como um dia que “marcou o fim de um período de instabilidade política e social, impedindo Portugal de seguir um caminho autoritário, onde estariam em causa os direitos e liberdades dos cidadãos”. Alertou contudo, que “pensar no 25 de Novembro é ganhar consciência de que a democracia tem de ser defendida diariamente” e que, “em tempos de incertezas políticas como os que vivemos”, é “essencial o envolvimento, a participação e o compromisso com os valores democráticos”.  

João Pedro Castro, do Partido Chega, optou por abordar a “ameaça da extrema-esquerda” que, diz, “continua infiltrada em muitos setores a tentar ludibriar os portugueses”, dando como exemplo o ensino “onde parece que ainda não se saiu do PREC”. O deputado municipal falou de um apagamento do 25 de Novembro nas escolas e, a propósito, fez uma das intervenções mais inflamadas da noite ao afirmar: “façam a vontade às esquerdas e apagam tudo da História de Portugal; apaguem 1143, a Dinastia de Avis, a Batalha de Aljubarrota, o fim do domínio castelhano, a implantação da República, o 25 de Abril, o 25 de Novembro, e digam aos mais novos que este país de 900 anos de existência de deve à obra e graça do Divino Espírito Santo”.

A CDU não se fez representar, mas emitiu um comunicado onde apelida a marcação desta sessão como “uma ação provocatória”, que “não pode ser descontextualizada de movimentações políticas de forças reacionárias e antidemocráticas a nível nacional, com fortes reflexos no nosso concelho”.

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