Opinião
Ousar uma nova mobilidade para Famalicão
Embora seja contra-intuitivo para quase todos nós, a verdade é que Famalicão é um concelho à beira-mar. Qualquer habitante de Kansas ou de Omsk explica isto facilmente.
Famalicão deveria por isso estar pronto a beneficiar das potencialidades dessa prerrogativa e muitos dos empreendedores famalicenses deveriam participar da “Associação da economia do mar”. Mas tal não acontece; se no passado estivemos ligados ao mar por uma movimentada linha de comboios, o que fizemos agora foi transformá-la numa estrada alcatroada de má qualidade para motociclos e bicicletas, a que chamam eufemisticamente “ciclovia”, perigosíssima e um atentado estético às lindas paisagens minhotas por onde cursa.
Famalicão está à distância de mais de uma hora de comboio de Guimarães, o dobro – o dobro! – de uma viagem de carro. Barcelos só tem oito – oito! – ligações em cada vinte e quatro horas. O Metro do Porto morreu a uns miseráveis 20 Km e não há sinais de reanimação. Joane e Riba D’Ave afastam-se cada vez mais da sede do Concelho, inexoravelmente, sobretudo se na perspectiva da inexistente ligação por carris.
Durante décadas Portugal abandonou, desprezou, malbaratou a rede ferroviária. Os transportes colectivos têm sido prioridade política apenas nos discursos e nos artigos de jornais. Investimentos sérios, planeados, integrados em novos ramais ferroviários, metropolitanos ou, até, MetroBus não se conhecem, o que contraria tendências da mobilidade noutros países mais ricos e evoluídos.
Vila Nova de Famalicão tem uma situação geográfica que lhe permite ser o entroncamento de um Sistema de Mobilidade Minhoto (SMM, baptizado agora mesmo por mim) podendo facilmente 1) assumir o ponto zero do quadrilátero ferroviário Famalicão – Barcelos – Braga – Guimarães – Famalicão, 2) ancorar em Famalicão (Nine que me perdoe, mas é estratégico que seja na “Vila”) a) o serviço da linha do Minho e b) do eixo ferroviário Porto – Vigo, 3) fomentar as potencialidades do terminal da Medway no transporte de mercadorias, na fixação de empresas e desenvolvimento económico, 4) criar uma rede capilar de transportes ligeiros ligando Joane, Riba de Ave, Póvoa de Varzim, Vila do Conde, Trofa, Maia, S. Tirso e outros, talvez, preferencialmente – digo eu liberal – com recurso à iniciativa privada.
Bem sei, todos sabemos, que o plano nacional de investimentos nestas infraestruturas pesadas depende do Governo central e não do poder local, mas também todos sabemos que as autarquias, a influência dos autarcas, não se esgota na inauguração do fontanário e da rotunda. Não tenho conhecimento de que os nossos dirigentes políticos se tenham debruçado sobre este tema, estudando-o, desenvolvendo ideias, apresentando propostas, defendendo os interesses famalicenses, não por uma questão bairrista, mas porque faz naturalmente sentido: Famalicão, uma cidade que se quer moderna e próspera, tem uma geografia privilegiada e não o aproveita.
Os políticos famalicenses devem destacar este tema central e actual, mas isso implica visão política, coragem e ambição.
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