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Opinião

O advogado do diabo

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Por José Leite

Creio com veemência e revolta que, na pretérita sexta-feira, a justiça portuguesa foi severamente punida na sua essência e brutalmente condenada e visada, em tom inquisitório e plenipotenciário, por um juiz (qual advogado de defesa) que humilhou fria e impiedosamente o seu colega Carlos Alexandre, as alegações legítimas do Ministério Público e, acima de tudo, um povo e um país amordaçado e entregue à sua sorte, ao jugo tributário e judicial que asfixia os seus descrentes e vazados filhos em direitos e sonhos, ávidos de uma vida mais desafogada e sossegada assente numa sociedade mais justa e exemplar que premeie o esforço, o trabalho, a dedicação e o mérito, visando natural e legitimamente a sua ascensão social. Como diria Fernando Pessoa “Ó mar salgado, quanto do teu sal, São lágrimas de Portugal!”.

Somos, pois, um país batoteiro e trapaceiro nos seus valores, com uma justiça bolorenta, viciada e decrépita, que diverge e deambula ao sabor do vento e dos interesses instalados, onde os mais pequenos são meros espetadores e chacota dos mais poderosos e influentes que passam pelos “pingos da chuva” e sobrevivem impunes ao poder da justiça e às normas éticas e morais de uma sociedade descrente e desprotegida nos seus direitos e ambições. Aproximando-me da frase e do pensamento político de Francisco Sà Carneiro, diria que “a justiça sem magistratura é uma falsidade e sem ética e imparcialidade um nojo e uma vergonha”. É hora de alarme e união para gritarmos uma revolta e uma rebelião normativa que condene à decadência e ao óbito este Portugal viciado por clãs partidários e políticos onde o nepotismo desenvergonhado, a corrupção e o compadrio fácil e impune imperam a olhos vistos, como algo indissociável da nossa consciência coletiva que se vai deturpando com a falta de severidade e equidade nas decisões judiciais que deveriam ser modelares e exemplares.

Termino com uma frase escrita por Bernardino Machado, corria o ano de 1933, sobre o Salazarismo, acreditando ser tão atual e afirmativa para se aplicar a este irreparável e nefasto momento da justiça e sociedade portuguesa, a saber, “alarmada pelo degradante descalabro que temos sofrido, a nossa heroica democracia, com todas as forças vivas da sua consciência cívica intactas, anseia frementemente pela hora do resgate.” 

Ah… “O Diabo veste Prada”! Mas coitadinho vive com muitas dificuldades financeiras, pois sempre viveu do seu trabalho e da ajuda da sua mãe e como ele próprio referiu ao Juiz Carlos Alexandre “…sou um pobre provinciano que andou na política uns anos.” Assim são os diabos deste país…

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