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Opinião

A Praça (é) do Povo

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Por Hugo Mesquita

Num dia solarengo, de temperatura amena, convidativo quanto baste para espairecer dos distanciamentos e isolamentos a que o Covid19 nos tem obrigado, é hora de ir conhecer a Praça e ver o novo Mercado.

Após meses de imensa curiosidade, tantos que dão espaço a mirabolantes e até divertidos exercícios de futurologia acerca do sucesso ou insucesso de tal novidade desenhados da mesa do café a editoriais de pasquim. Mirabolantes e divertidas especulações que sempre se encenam em volta das grandes obras públicas e o exercício permanente que começa no inocente ceticismo à interessada maledicência. Contudo, a curiosidade aguça e não há como não deixar de lá ir conhecer a novidade.

Normais constrangimentos “covidianos” que não devemos relevar e eis que estamos em plena praça.

Surpresa? Nem por isso, para quem já conhece, de outras cidades e capitais, o conceito! Um moderno entrelace do pequeno comércio com a variada e prática oferta de comes e bebes.

Surpresa? Apenas a satisfação de um espaço arejado, airoso e asseado. Simples, moderno, funcional e simpático.

Surpresa? Pouca, pela simples razão que as marcas arquitetónicas e as obras famalicenses que têm vindo a deixar já não são novidade. Estas são dignas de registo pelos forasteiros, mas para nós, pela habituação, já não surpreendem. São, somente, mais um orgulhoso registo.

Surpresa? Sim, para quem agoirava o contrário, lá continua a tradicional exposição dos produtos da terra com as gentes da terra. O Zé Manel dos enchidos, a Lina peixeira e a Quina das flores. Lá estava a Maria do Pereira com as alfaces e os pepinos e a Maria Antónia com a fruta da sua horta.

Surpresa? Sim, para quem vaticinava o oposto, lá estavam os clientes do costume a comprar nos vendedores do costume o cabaz fresco da terra para compor o frigorifico e a despensa.

Surpresa? Sim, para quem agoirava o contrário, lá estavam os empreendedores famalicenses, arrojados e cheios de vontade de oferecer uma nova forma de convívio, descontração e fruição do que é nosso e tem a nossa marca.

Surpresa? Sim, para quem agoirava o contrário, lá circulavam e se cruzavam os habituais frequentadores da praça com os novos utilizadores do moderno espaço que nunca tinham conhecido antes, porque era somente a praça onde a avó comprava ovos e sardinhas e aproveitava para dar duas de “converseta” com as vendedoras e as outras avós da praça.

Surpresa? Sim, para quem desejava o contrário, lá estavam todos! Os novos, os velhos, os ricos, os remediados, os “elitistas” e os mundanos, os discretos e os irreverentes. Os que comiam sushi e os que compravam o chouriço. As peixeiras e os chefs. Os pais com os filhos, os filhos sem os pais e os avós com os netos.

Surpresa? Sim, pelo ar de expectativa à entrada e o de satisfação à saída. Com o dissabor e desagrado, claro está, para pesar dos que ansiavam o contrário.

Surpresa? Não, não surpreendem aqueles que sempre procuram no comentário fácil e derrotista e no escrito maldizente depreciar e destruir a obra, que apenas é uma consequência e um meio. É, antes, o reconhecido trabalho de desenvolvimento e modernização de Famalicão sem deixar ninguém de fora, sem esquecer as raízes, que valoriza o passado apostando no futuro, que alia gerações, que traz orgulho e satisfação e cria aquela marca de orgulho “Gosto de Viver Aqui”!

Não é do meu tempo, mas tenho gravado o registo histórico dos que sempre referenciam com saudade Álvaro Marques, o homem e o Presidente da Câmara das obras e das ideias que marcaram uma época visionária. De muitas, o mercado que Álvaro Marques idealizou e inaugurou há mais de meio século – uma praça democrática, interclassista, inclusiva e livre, de todos e para todos – está agora renovado, sendo agora, ainda mais, de todos e para todos para honrar o seu legado.

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