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Opinião

Governo e oposição

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Por Domingos Peixoto

Hoje volto a uma espécie de comentário político partidário; é só uma “espécie” porque não escrevo aqui em nome do meu partido, como já disse por mais de uma vez. Porém, não pode a minha “visão” da sociedade em que nos inserimos ser muito distante da filosofia, pergaminhos e linha de conduta do partido socialista.

Ora, como também já por mais de uma vez afirmei, é minha firme convicção que os partidos e as organizações sociais em geral são, em cada momento e estádio de ação, a transparência e o querer dos seus dirigentes máximos, pese embora no caso partidário haver congressos e outras formas de agir em que os militantes vão definindo um conjunto de ações algo balizadoras dos “apetites” dirigentes.

Para quem age de forma ativa na cidadania, contudo quase exclusivamente ao nível local, é mais fácil – e objetivo -, falar de temas caseiros do que nacionais, mas vou arriscar mais uma vez.

E por que a pandemia deu “tréguas” ao governo e retirou “capacidade” objetiva aos opositores (para ser benévolo), estes não deixam de insistir em temas que, seguindo os seus trâmites normais, os vão cavalgando como forma de confronto com os membros do governo, nomeadamente nas áreas da chefia, saúde, educação, justiça e ambiente.

A António Costa todos gostam de beliscar e compreende-se porque “toca a todos os instrumentos”, mas já é um exagero, na minha humilde opinião, depois de já vários elementos da direção terem falado sobre o assunto, continuarem a verberar que não tome uma posição partidária (leia-se, pessoal) sobre a “Operação Marquês”, mais objetivamente sobre o ex-líder socialista José Sócrates!

O que está em causa, a meu ver, é tão só, à falta de melhor, a procura de novos “alimentos” para a contestação ao atual governo. Se Costa defende, partidariza a Justiça. Diga, eventualmente, o que disser, o primeiro ministro será sempre acusado de não “condenar” o ex-governante, ao tempo “senhor todo poderoso” do PS. Pois Costa nunca poderá acusar ou ilibar Sócrates, ainda que este já por mais de uma vez o tenha acusado de traição partidária e os opositores e muita da comunicação social o tenham há muito condenado, até na praça pública.

Comove-me tanta “infantilidade argumentativa” da promiscuidade contra Sócrates!

Mas nós não somos capazes de olhar à nossa volta e ver, seja qual for o governo que esteja ao leme, seja qual for o partido que dirige os destinos das nossas autarquias, a “alegada promiscuidade” entre estes e os poderosos das indústrias, dos comércios, do capital e do futebol? Não conseguimos vislumbrar as “gorduras” que grassam à nossa volta seja através dos subsídios diretos do Estado ou das instituições que atuam em nome dos governos e da UE, seja através das concessões de “isenções municipais” dos impostos, da “declaração dos interesses públicos municipais” para afetação de terrenos protegidos a projetos alegadamente de investimento e de criação de emprego?

Claro que é muito fácil e apetitoso gerir “bazucas e quejandos” da UE e outros, mesmo que logo a seguir aos prazos em que tais projetos têm que vigorar se abram falências cujas razões para serem observadas precisamos de arregalar as trapeiras… Mas “vemos” com muita facilidade míseros subsídios de inserção social, rendimentos mínimos e baixas de pobres desgraçados que não têm eira nem beira…

Vemos a pobreza quando a ONU a lembra mas não vemos os salários de miséria, as reformas de sobrevivência. Aceitamos as reformas milionárias as distribuições de lucros excêntricas e depois vimos por em causa as “lutas dos trabalhadores” por salários, aumentos e dignidade justa para o trabalho. É um mundo desumano, de exploração feroz do trabalho e da força, sangue e suor dos desgraçados e miseráveis!

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