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Opinião

Dendrofobia

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Por António Cândido Oliveira

Este texto quebra duas regras que costumo seguir nos artigos enviados para o OP. A primeira infração é a utilização de palavras caras como a do título. A segunda é a de falar de um só tema ao contrário da habitual diversificação de assuntos. Apenas não infrinjo a regra de escrever pouco, pois os leitores, em regra, não têm paciência para ler artigos longos.

O ponto de partida deste texto é um espaço/buraco na Praça 9 de Abril junto da Igreja Matriz Velha), no lado poente, próximo do Monumento aos Mortos da Grande Guerra, que há anos está à espera de uma árvore para substituir a que ali existia, uma tília, salvo erro. O buraco está lá e só por dendrofobia (medo das árvores) ou desmazelo, o que é pior, não foi ainda feita a devida plantação. Aliás, aquela “eira vermelha” bem precisava de mais árvores frondosas

Entretanto, no dia 25 de Abril de 2022, o Presidente da Câmara e o da Assembleia Municipal plantaram uma árvore, uma só árvore, no espaço verde que fica junto dos restos do antigo edifício da Caixa de Previdência, face à Rua Manuel Pinto de Sousa. Não sei se foi plantada apenas uma árvore por simbolismo ou também por dendrofobia. Mas é esta doença que devemos combater na cidade e no concelho.

A vitória da pedra sobre o jardim e as árvores está bem patente no centro histórico ainda em obras. É uma vitória também do desperdício de muito dinheiro, pois as pedras ficam muito mais caras do que as árvores.

E há tantos lugares para plantar árvores na cidade e no concelho. Já não falo de uma política florestal a nível municipal num concelho que dos seus 200 Km2 de área tem cerca de 70 Km2 ocupados com floresta mal cuidada (os restantes são espaços agrícolas e urbanos, nestes se compreendendo, nomeadamente fábricas e armazéns). Estou a pensar em espaços públicos tais como ruas, praças e parques do território do município.

É claro que isto precisa de pessoal qualificado. Pessoal que saiba o que planta e com que objetivos (bem gostaríamos que estes fossem a melhor defesa do ambiente e não uma preocupação meramente decorativa). Pessoal que vigie e cuide regulamente as árvores para que não prejudique as casas próximas e ofereça segurança.

A recente Lei do Regime Jurídico da Gestão do Arvoredo Urbano. (Lei n.º 59/2021 de 18 de agosto) prevê a existência de um “arborista”, ou seja, de um técnico devidamente credenciado para a execução de operações de gestão do arvoredo. Já perguntei se existia essa figura e esse técnico, que muita falta faz, mas não obtive ainda resposta clara.

Sobre esta matéria de árvores e floresta muito há ainda a abordar e a fazer. Quem governa o município neste momento apresentou um programa em que a proteção do ambiente estava em primeiro plano. Veremos se cumpre, mas o atraso é já notório.

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