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Opinião

Os incêndios

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Por Domingos Peixoto

Durante uma semana, pelo menos, os ecrãs televisivos mostraram-nos em direto e por longos períodos, os incêndios e muitas das suas incidências mais gravosas, o terror, os prejuízos, o património “derretido”, a insegurança dos moradores, das indústrias e outros bens.

Os vários fogos eram dantescos, alimentados por um combustível típico biodegradável, potenciados por condições climatéricas favoráveis, muita matéria incinerável, convivência muito próxima entre esta e as empresas, as habitações das mais modestas às de luxo, a agricultura, locais de exploração pecuária, elevada temperatura e, “certamente” uma “mãozinha” inimiga das pessoas e comprometedora…

O despique noticioso das TVs generalistas, de larga escala e incisão, parecia-se com os enfadonhos, maçadores e barulhentos “programas desportivos” semanais!

Havia em todo o trabalho “informativo” uma enorme preocupação com as populações rurais que iam metendo mãos à obra: estão sós? Não há autoridades e bombeiros por aqui a ajudar para lhes valer? Conseguem salvar alguma coisa?

Alguns mais afoitos atacavam: “a culpa é toda da proteção civil, do governo; mandam-nos abandonar a casa e fugir porque não é a habitação deles”…

Então nas redes sociais a agressividade contra as autoridades, o governo, o Estado é intensa e agressiva. Até as “obrigatórias” condolências à família do piloto falecido no acidente de avião anfíbio “fire boss” que tudo fazia para ajudar a conter o incêndio de Torre de Moncorvo geraram um chorrilho de críticas a António Costa, alegadamente por “não ter feito nada e ainda andar a acusar a mãozinha do povo na ignição dos fogos”!

Os dados estão todos lançados. Eucalipto, pinho e vegetação rasteira não limpa, com ajuda das alterações climatéricas são ingredientes para que a ignição fortuita ou propositada provoque o caos.

As minhas achegas: Por que se resiste às mudanças dos PDMs quanto às culturas florestais para espécies mais resistentes aos fogos? Por que é que as estruturas do estado não conseguem substituir-se aos titulares privados absentistas no tratamento dos terrenos? Será descabido o alerta governamental para o cuidado da mão negligente ou voluntária como uma forma de oposição aos fogos?

Alguns exemplos concretos. A oposição acusou o governo de não fazer nada mas criticou-o pela declaração do estado de contingência proibindo o uso de fogo e manobra das máquinas agrícolas e industriais passíveis de provocar faíscas; a fábrica de peletes em Albergaria reclamou por bombeiros tinha, segundo as imagens televisivas, toneladas de matéria prima – biomassa, armazenada junto a um morro cujo matagal não limpo as ladeava. Será que tinha um sistema contra incêndios funcional e adequado? Um automóvel que ardeu na A25 propagou o incêndio à berma que rapidamente alastrou descontrolado, ocupou cerca de 300 operacionais, mais de 50 viaturas e 11 meios aéreos, queimou uma viatura de bombeiros e lavrou indiscriminadamente!

Na fonte de Barradas, uma obra bem conseguida, bonita e embelezada com poesia de um autor local, com recolha de água por gravidade, há nas “suas costas” bastante vegetação, muitas garrafas e garrafões de plástico e outros lixos que utentes desleixados e com desprezo pelo “público e coletivo” para ali arremessam sem quaisquer pingos de civismo, provavelmente daqueles que mais protestam contra as medidas de prevenção das alterações climáticas!

Como podemos “achar” que o Estado não faz nada quando transitando pelos nossos caminhos e estradas somos confrontados permanentemente com montes de lixo nas bermas, nomeadamente nas bouças e meios rurais.

Só impera o negócio, todos querem fazer o que mais lucro lhe dá. Prevenir, tratar, cuidar, zelar é com os outros…Triste sina a dos pobres…

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