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Opinião

Gabinetes em Crise

Publicado

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Por Hugo Mesquita

“Ninguém pode interpretar o fim do estado de emergência como o fim da emergência sanitária”, afirmou António Costa a 30 de abril, aquando do final do Estado de Emergência devido à pandemia do Covid19.

António Costa disse ainda que este “é um percurso que temos de fazer em confiança, mas em conjunto, contado com a responsabilidade e o emprenho de cada português e podendo os portugueses contar com a total determinação do Governo em adotar todas as medidas que forem necessárias para preservar a saúde pública”.

Porém, há poucas semanas atrás, o mesmo Costa afirmou que “Portugal não aguentaria um outro Estado de Emergência…”, leia-se, Portugal não aguentaria uma nova paragem económica. O estancamento comercial e produtivo, os layoff’s, o consequente desemprego, escolas e serviços públicos parados ou quase parados, etc e etc que já conhecemos, originariam um tsunami económico incalculável, mergulhando o país num quase caos social, onde o governo não teria mão suficiente para acudir e gerir tal cenário.

Dito isto, Costa rematou afirmando que o controlo da pandemia é responsabilidade cívica. É responsabilidade dos Portugueses tomarem as devidas precauções sociais e sanitárias (todas já conhecidas) para evitar a propagação da pandemia.

Ora, isto é muito grave! Em resumo, o Primeiro Ministro disse aos Portugueses duas coisas simples. Primeiro, que o Governo não se preparou para lidar com uma segunda vaga da pandemia (algo que já era sabido que iria acontecer mais coisa menos coisa findo o verão). Segundo, que a responsabilidade do controlo da pandemia é das pessoas, demitindo o Governo de qualquer responsabilidade! Aqui, contrariou o compromisso anteriormente firmado de que “os portugueses podem contar com a total determinação do Governo em adotar todas as medidas que forem necessárias para preservar a saúde pública”.

Combina isto exatamente com o anuncio recente (quando os casos de infeção voltaram a disparar – a tal certa e esperada segunda vaga), da instalação de um Gabinete de Crise do Governo, para acompanhar e decidir medidas relativas a esta segunda vaga.

Ora, significa isto, sendo certo que a segunda vaga viria qualquer coisa por esta altura, que o Governo deveria era ter-se precavido com algum gabinete de acompanhamento capaz de acompanhar a evolução (ou não) da situação e preparar, calma e coletivamente, as medidas e ações a tomar perante os cenários projetados pela análise resultante. Mas isto não foi feito nem o Governo se preocupou em se preparar.

Os vinte ministros e cinquenta secretários de estado deste Governo fecharam a porta e foram a banhos. Nada fizeram, nada prepararam para a certa e esperada segunda vaga e, eis que em pleno incêndio, sai um Gabinete de Crise … e a acompanhar saem meia dúzia de cromos da caderneta (chamam-lhe Remodelação Governamental).

Costa diria que isto é poucochinho! Mas dizer isso é mesmo poucochinho!

isto é fazer dos Portugueses uma “cambada de parvos”!

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