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Opinião

Tudo muito difícil

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Por Domingos Peixoto

O covid19 parece ter vindo para ficar, ser um bichinho teimoso e resistir por mais tempo do que o esperado ao combate que os humanos lhe querem dar!

No início de março Portugal foi atingido com a primeira morte, precisamente quando havia muitas dúvidas sobre a sua propagação. Ainda ma primeira quinzena do mês, a OMS informou que a doença atingiu níveis e proporções que a levavam a declara-la uma pandemia.

Portugal tomou medidas que foram permitindo que no país as coisas fossem muito diferentes do que estavam a ser nos nossos vizinhos espanhóis e em Itália.

Nas redes sociais havia muitas “bocas” sobre a nossa capacidade de resposta e dos seus meios. Havia opiniões mais sensatas e muita convergência politico partidária, sobretudo na AR, sobre as decisões das autoridades de saúde e do governo.

Na comunicação social em geral, mas sobretudo na internet, muita gente usava um logótipo muito colorido, a fazer lembrar um arco-íris, com uma frase: “vai ficar tudo bem!” Era um período de campanha partidária e os candidatos, presidentes de junta, de câmara, e de várias instituições tinham muitas iniciativas solidárias de distribuição gratuita de EPIs e de informação de como lidar com o vírus; o logótipo e a frase estavam impressos nos panfletos, nos comunicados, nas convocatórias, em tudo que fosse possível circular pelo público

Para mim era tudo muito estranho, abusava-se de um problema de saúde pública para fazer propaganda política, ainda por cima muitas vezes pouco séria. Mas pior eram os engraçadinhos dos vídeos, muitos deles a fazerem a apologia da gula e do “gozo”. Foi então que a 9 de abril o meu artigo de opinião neste espaço titulava: “Não ficará tudo bem”. AS mortes, o sofrimento de muitas famílias, os idosos isolados nas “prateleiras aéreas”, as crianças que passaram a perder a possibilidade de uma “boa” refeição quente por dia, sujeitas às violências das concentrações familiares em casas sem condições e sem capacidade de quem os ensinasse. Enfim, muita miséria e dor.

As coisas foram passando, os resultados negativos e o SNS não eram nada que tivesse comparação positiva nos países vizinhos e muito mais ricos que nós.

Abriu-se a economia, procurou-se chegar à normalidade possível, o Estado investiu muito dinheiro nas empresas e nos trabalhadores, mas o rumo da doença, o nosso cansaço no uso das medidas de proteção, a “irresponsabilidade” de muitos cidadãos está a dar cabo da nossa paciência.     

As lutas partidárias estão a querer ceder à demagogia, as instituições corporativas dos profissionais de saúde estão mais interessados em arranjar problemas ao governo e garantir, ao menos, uns “cobres”. Veja-se, sobre este último aspeto, a proposta do senhor bastonário dos médicos: “Para resolver os atrasos nos atos médicos devido à covid19 o governo deve retomar acordos de saúde com os privados! Aos custos deles, digo eu…

A proliferação de casos de infeção em instituições de saúde, em lares, jardins de infância, escolas, forças de segurança e bombeiros, apesar de ser em regime de funcionamento da economia, logo com algum alívio nos cuidados de controlo, potenciados pela falta de distanciamento social e de uso de máscara por grupos significativos de pessoas vulneráveis, estão a elevar os números a um patamar (felizmente as mortes não acompanham na mesma proporção) que já produz pânico na fatia da população que vai seguindo com algum rigor os cuidados recomendados. Acresce que em muitas casas estão muitas pessoas doentes que já há muito não têm acesso a uma consulta de especialidade de que tanto carecem; há casos muito concretos, salvo as “cunhas”, normalmente praticadas por aqueles que se dizem ser contra a corrupção.

Há que fazer mais um sacrifício, porém, o conhecimento do que eventualmente está a acontecer com os Conselheiros de Estado não favorece nada…

Apesar dos apelos de Costa e Marcelo Está Tudo Muito Difícil.

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